Genoino diz que opinião de general sobre gays está na contramão do mundo moderno

04-02-10-genoinoO deputado José Genoino (PT-SP) ocupou a Tribuna nesta quinta-feira para manifestar sua indignação com relação às declarações do General Raimundo Nonato de Cerqueira Filho, a mais contundente, e também do Almirante Luiz Pinto, em sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal na quarta-feira. Os oficiais disseram que as Forças Armadas não devem aceitar a presença de gays, sugerindo que eles procurem outras atividades.

O general Raymundo Nonato admitiu a existência de gays nos quartéis, mas disse que eles só devem ser aceitos se mantiverem a opção sexual em segredo. Disse que o indivíduo não consegue comandar e que a tropa não vai obedecer. Disse ainda que essa opção não é condizente com a atividade militar.

“Em primeiro lugar, quero manifestar-me contrário a essas declarações. Faço isso como um deputado que defende, respeita e trabalha em torno de uma agenda para as Forças Armadas que organize sua profissionalização, sua valorização salarial, o acesso à tecnologia de ponta. Valorizo a presença das Forças Armadas em missões importantes”, disse. Lembrou o petista que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Barack Obama, está discutindo com as forças armadas norte-americanas o ingresso de gays na instituição. “Opiniões como estas estão na contramão, são de um nível de reacionarismo e preconceito que não condizem com o papel democrático de futuro para as Forças Armadas”, disse.

Para o deputado, a Constituição deixa clara a livre opção sexual: não pode sofrer discriminação. A livre opção sexual tem de ser reconhecida, sustentou, e não pode haver discriminação, nem mesmo no local de trabalho.

“A pior coisa é a seguinte: não é crime, conforme diz o oficial, mas só se for em segredo, porque, se for reconhecida, é crime. Isso não pode. Não é crime, mas não pode ser militar. A propósito, já houve episódios nesse sentido. Eu acho que este não é o pensamento dominante das Forças Armadas, nem do oficialato brasileiro”, disse.

Genoíno participou recentemente, no Caribe, de uma conferência latino-americana que defende os direitos de gays, lésbicas, transexuais e homossexuais. “A sociedade moderna é plural e tem que conviver com as diferenças, as maiores diferenças, as mais complexas, sem discriminar, sem humilhar, sem excluir. É nesse processo democrático que a sociedade amadurece”, concluiu.

José Genoíno é autor de um projeto de lei que defende a união estável entre pessoas do mesmo sexo, para efeito de direitos civis. Ele justificou sua manifestação em plenário por dois motivos: “primeiro, porque defendo a união estável para efeito de direitos civis – sou contra qualquer tipo de preconceito. Segundo, porque sou um defensor das Forças Armadas e e reconheço seu papel positivo como instituição do Estado”.

Equipe Informes

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