A presidenta da República Dilma Rousseff comentou pela primeira vez, nesta terça-feira (27), o episódio envolvendo o senador boliviano Roger Pinto Molina. O parlamentar estava asilado na embaixada brasileira em La Paz e foi retirado da Bolívia sem o consentimento do governo daquele país. O senador é opositor do governo boliviano.
“O Brasil jamais poderia colocar em risco a vida de uma pessoa que estava sob sua guarda. Negociamos em vários momentos o salvo-conduto e não conseguimos. Lamento profundamente que um asilado brasileiro tenha sido submetido à insegurança que esse foi”, lamentou.
O comentário foi feito após a sessão solene do Congresso Nacional, nesta manhã, onde recebeu o relatório sobre violência contra a mulher.
Para a presidenta, num estado democrático, a primeira coisa que deve ser feita “é proteger a vida sem qualquer outra consideração”. De acordo com Dilma Rousseff, o argumento do embaixador brasileiro em La Paz, Eduardo Saboia, que assumiu a responsabilidade pelo episódio, não se fundamenta. O diplomata justificou o ato por “sentir-se” no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) – órgão de repressão do regime militar brasileiro (1964-1985).
“Não tem nenhum fundamento acreditar que é possível que um governo, em qualquer país do mundo, aceite submeter pessoas que está sob asilo a risco de vida. Governo não negocia vida. Governo age para proteger vida”, reiterou.
Dilma fez questão de lembrar que a situação do senador asilado em nada se assemelha ao período de exceção que representou o Doi-Codi e acrescentou: “Eu estive no Doi-Codi, eu sei o que é o Doi-Codi e, asseguro a vocês, é tão distante o Doi-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno. Literalmente isso”, explicou a presidenta.
Fuga – O senador deixou a Bolívia num carro da embaixada brasileira, na última sexta feira (23). A fuga não teve conhecimento do Itamaraty e foi conduzida pelo diplomata brasileiro, Eduardo Saboia.
Benildes Rodrigues