Presidente da Central entre 1994 e 1997, o deputado federal Vicentinho afirma, em artigo exclusivo para os 30 anos, que a CUT aproximou o sindicalismo brasileiro das lutas sociais
Tive a honra de presidir a maior Central Sindical da América do Sul, por dois mandatos consecutivos, em 1994 e 1997. Foi uma das melhores experiências que vivenciei como sindicalista. Minha militância no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, do qual também fui presidente, ajudou muito. Tudo o que aprendi ali contribuiu para que pudéssemos concretizar as lutas aprovadas no congresso da CUT e consolidar os objetivos preconizados no estatuto da central.
Pudemos perceber, naquele momento, a necessidade de aproximarmos o sindicalismo brasileiro das lutas sociais, notadamente sobre a questão racial e da mulher trabalhadora, por exemplo. Assim, criamos as comissões nacionais para tratar desses temas no âmbito da CUT, o que se mostrou extremamente correto, haja vista o quanto evoluímos nessas questões.
A CUT nasce sob o signo da defesa intransigente da classe trabalhadora. São 30 anos de significativas lutas e conquistas. Avançamos em nossas convicções de organização sindical e inovamos ao propor o fim do imposto sindical, para acabar com sindicatos de fachada e conter as falsas representações.
Avançamos quando nos inserimos nas discussões sobre a organização internacional da classe e investimos pesadamente na formação sindical, abrindo escolas de formação e proporcionando cursos para os nossos dirigentes e base.
Participamos ativamente das diversas comissões que envolvem os temas nacionais e as políticas de Estado. Nossa presença no Conselho Curador do FGTS e do FAT são exemplos da nossa representatividade.
Lutamos por muitos anos pelo reconhecimento oficial da nossa existência e representatividade, o que só foi conquistado com o advento do governo popular e democrático. No Parlamento, com muita dignidade, fui o relator da proposta de reconhecimento das Centrais Sindicais.
Com as conquistas dos últimos anos devemos continuar apoiando o desenvolvimento do nosso País com a garantia de políticas públicas de crescimento com inclusão social, distribuição de renda e geração de empregos. Mas não nos esqueçamos das bandeiras de lutas que ainda tremulam em nossas mãos, como a redução da jornada de trabalho (sem redução de salários), o fim do trabalho escravo (com punição exemplar a quem o pratica), a regulamentação da terceirização (sem a precarização das condições de trabalho e salários), o fim do fator previdenciário (com instituição de justas regras), entre outros temas de fundamental relevância.
Viva a classe trabalhadora!
Viva a CUT!
*Vicentinho é deputado federal pelo PT de São Paulo