Os deputados petistas Alexandre Padilha (SP) e Jorge Solla (BA) acusaram o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, de serem os principais responsáveis pela triste marca de 200 mil mortes pela Covid-19, que o Brasil está prestes a alcançar. Segundo os parlamentares, o negacionismo, o descaso e a incompetência do governo no combate à pandemia causaram a atual tragédia sanitária que se abate sobre o País. Eles ainda afirmaram que a única ação que pode minimizar a atual situação é o de iniciar a vacinação de todos os brasileiros contra a Covid-19, no menor prazo de tempo possível.
Segundo balanço desta quarta-feira (6) do consórcio de veículos da imprensa, o Brasil já contabiliza oficialmente quase 200 mil mortos pela Covid-19 (199.043 mortes) e se aproxima dos 8 milhões de infectados pelo vírus (7.874.539). Somente nessa quarta, o País registrou 1.266 mortes causadas pelo vírus, maior número diário desde agosto de 2020. O Brasil ocupa a segunda colocação mundial em número de mortos, atrás apenas dos Estados Unidos (com 361.383 mortes), e na terceira colocação mundial em casos de covid-19, atrás também dos Estados Unidos (com quase 22 milhões) e da Índia (com 10,4 milhões de casos).
Para o deputado e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o Brasil chegou à situação atual por conta do boicote do próprio governo aos mecanismos de controle de pandemias existentes no sistema público de saúde do País.
“Bolsonaro bloqueou tudo o que o Brasil tem para dar resposta adequada à pandemia da Covid-19, como já fizemos inclusive em outra epidemias. Ele colocou o País em um projeto da morte, sem testes suficientes, sem apoio às equipes de atenção básica de saúde, bloqueou o [programa] Mais Médicos, e estabeleceu uma guerra, um conflito com os estados e municípios, que ajudam o governo federal a coordenar o SUS”, afirmou.
O deputado e médico sanitarista Jorge Solla ressaltou ainda que o descaso, a incompetência e o negacionismo do governo Bolsonaro no combate à Covid-19 também contribuíram decisivamente para agravar a pandemia no Brasil. “Durante toda a pandemia, o governo Bolsonaro se negou a liderar o SUS em esforços para evitar mortes. O Ministério da Saúde, sob intervenção militar, gastou tempo e dinheiro com cloroquina e em espalhar mentiras para forjar um falso tratamento que motivasse as pessoas a descumprirem as normas de isolamento social”, relembrou.
O parlamentar baiano ressaltou ainda que “Bolsonaro e sua equipe remaram contra os governadores e prefeitos, em favor do vírus e da morte”. E mesmo diante do número crescente de mortes, e diante da decisão do STF cobrando que o Ministério da Saúde lidere um plano nacional de vacinação, Solla afirma que pouca coisa mudou.
“Seguem os estados e municípios se articulando por vacina e seringas, enquanto Bolsonaro segue promovendo aglomerações e reforçando o discurso contra a vacina e o isolamento. Infelizmente, a única coisa que se poderia e se pode fazer para salvar vidas, pelo bem da saúde pública, é o impeachment de Bolsonaro. Não há como cobrar decisões sensatas de quem deliberadamente não quer tomá-las”.
Vacina é a solução
Diante da segunda onda da Cvid-19, e da falta de ação do governo Bolsonaro no combate à pandemia, o deputado Alexandre Padilha explicou que a vacina é a única forma de estancar o número de contaminados e as crescentes mortes pelo vírus no País.
“Neste momento a coisa mais decisiva para estancar as mortes e ajudar a aliviar o sofrimento, e recuperar a economia, é termos um programa de vacina para todos e todas, e não retirarmos nenhum real de recursos do Ministério da Saúde”, recomendou.
O parlamentar lembrou que a Câmara dos Deputados já aprovou a medida provisória (MP) que estabelece a vacina para todos os brasileiros e a obrigação de a Anvisa liberar o uso no Brasil das vacinas registradas em agências sanitárias internacionais. “Isso faria com que pudéssemos usar as mesmas vacinas que já estão sendo utilizadas em países como México e Argentina”, explicou.
Vacinação em outros países
Mais de 40 países já iniciaram a vacinação em todo o mundo. Além de todas as 27 nações que fazem parte da União Europeia, a China, a Rússia, o Canadá e os Estados Unidos também já começaram suas respectivas campanhas de imunização contra a Covid-19.
Países da América Latina que guardam semelhanças sociais e/ou econômicas com o Brasil, como México, Argentina, Chile e Costa Rica também já começaram a vacinação. Israel, por exemplo, que já foi considerado publicamente por Bolsonaro como um “exemplo para o Brasil”, vacinou 12% da população.
Em todo o mundo, quase 16 milhões de pessoas já foram imunizadas, segundo dados do site Our World in Data (“nosso mundo em dados”, em inglês), da Universidade de Oxford. A plataforma compila informações de todos os países que já começaram suas campanhas.
Coronavac
Nesta quinta-feira (7), o governo de São Paulo anunciou que a CoronaVac – vacina da farmacêutica chinesa Sinovac que está sendo desenvolvida em parceria no Brasil com o Instituto Butantan – tem 78% de eficácia contra o coronavírus em casos leves, e 100% de eficácia contra mortes e casos graves.
O Instituto Butantan entrou com pedido de uso emergencial da vacina na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Héber Carvalho