O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli descartou hoje (6) motivos para questionamentos ou dúvidas sobre a compra, em 2006, de uma refinaria de petróleo em Pasadena, no estado do Texas, nos Estados Unidos. Em depoimento na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) no Senado, ele disse que a refinaria foi comprada com base nos preços do mercado na época.
Gabrielli disse que a celeuma foi provocada por causa de “reportagem” publicada em uma revista brasileira, com “falta de conhecimento no assunto e desinformação”. Com base nas informações da revista, suscitaram-se ações no Tribunal de Contas da União, no Ministério Público e na Justiça no Maranhão . “ O problema é que a matéria da revista está lastreada na desinformação”, afirmou o ex-presidente da estatal.
Desinformação – Ele observou que todas as informações sobre a compra da refinaria sempre estiveram à disposição da imprensa, mas mesmo assim prevaleceram versões da mídia, baseadas nas “escolhas dos editores”. De acordo com Gabrielli, a aquisição da refinaria foi um negócio normal, com base nos preços de mercado da época. O negócio foi concluído em 2012, com preço total de US$ 486 milhões.
“Não vejo nenhuma razão para o questionamento, a não ser a desinformação”, disse Gabrielli . “Desafio qualquer técnico a dizer que isso não esteja em linha com o mercado na época. E o ativo [refinaria] permanece na mão da Petrobras e é uma refinaria bem localizada. Com reversão do ciclo, temos a oportunidade de aumentar o retorno desse ativo. Não vejo nenhuma razão para o questionamento, a não ser a desinformação”, completou.
Entretanto, na versão distorcida da revista semanal brasileira, e repetida amplamente no discurso oposicionista do condomínio PSDB,DEM e PPS, a Petrobras teria pago um total de US$ 1,8 bilhão pela refinaria nos EUA, o que seria dez vezes a oferta recebida pela estatal pela refinaria em dezembro do ano passado. A publicação não apresentou documentos que comprovassem a versão.
Gabrielli lembrou ainda que a crise financeira que afetou várias economias do mundo a partir de 2008 alterou o cenário de consumo e investimentos nos Estados Unidos, em contraste com o Brasil, que manteve um ritmo de crescimento da economia.
O deputado Luiz Alberto (PT-BA) acompanhou a audiência e considerou as informações expostas por Gabrielli como “precisas e absolutamente esclarecedoras” . Para o deputado, ficou claro que “o alarde da oposição está baseado na desinformação do porquê do negócio, de quanto custou e do seu significado para a estratégia da Petrobras”. O deputado lembrou ainda que a definição da compra da refinaria seguia uma estratégia estabelecida em 1999.
Conjuntura internacional – Relator de uma proposta de fiscalização na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, o deputado Edson Santos (PT-RJ) disse estar “feliz e confortável” com a exposição do ex-presidente da estatal. “Percebo que há um superdimensionamento da engenharia montada pela Petrobras para a aquisição da refinaria que a conjuntura financeira e internacional da época recomendava, mas que, com a crise mundial e a descoberta do pré-sal, mudou ”.
Edson Santos disse ainda que pretende trabalhar seu relatório dentro dessa visão levando em consideração também o problema jurídico da Petrobras com empresa belga Astra Oil. “A justiça decidiu que a Petrobras teria que arcar com um custo maior para ter os 100% do negócio, e a decisão terá de ser cumprida”, afirmou.
Segundo Gabrielli, o contrato firmado com a empresa belga Astra Oil – sócia da Petrobras no negócio firmado em 2006 – previa o fim da sociedade a qualquer tempo. A partir de 2008, divergências marcaram o início da ruptura da sociedade em que a Petrobras havia investido US$ 360 milhões para ter direito sobre metade da Pasadena Refining System Inc. A aquisição completa da refinaria ocorreu sob vários processos judiciais iniciados no Brasil e nos Estados Unidos.
Jonas Tolocka, com agências
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado