Com a aproximação do mês de dezembro, e consequentemente o período de festas e de férias, cresce a preocupação com o aumento dos casos de contágio por Covid-19 em todo o País. Segundo especialistas, a segunda onda de contágio que já atinge a Europa e os Estados Unidos pode alcançar também o Brasil, caso a população não se conscientize sobre a importância do uso de máscara e das regras de distanciamento social. Em vários estados brasileiros o número de novos casos não para de subir, juntamente com o número de mortes pela doença.
Para o deputado e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP), que também é médico infectologista, uma possível segunda onda de Covid-19 no País também terá a marca do descaso do governo Bolsonaro.
“A pandemia não se encerra por decreto. Enquanto Bolsonaro tira R$ 35 bilhões do orçamento da saúde e cria obstáculos para uma vacinação para todos, o aumento de casos emenda o ‘tsunami’ a uma onda perigosa”, alerta. Padilha disse ainda que diante de um governo irresponsável, temos que nos cuidar com as próprias mãos. “Use máscara, proteja-se, evite aglomerações desnecessárias, não faça festas como se o vírus não existisse, derrote o bolsonarismo-negacionismo nas urnas e defenda o Sistema único de Saúde (SUS)”, orienta.
Desde a última semana cresce o número de estados com aumento de casos de Covid-19. Em São Paulo, por exemplo, dados da Secretaria de Saúde apontam para um aumento das internações em 13 das 17 regiões do estado. No último domingo, a média móvel de internações por Covid-19 atingiu mais de mil por dia. Na grande São Paulo, a taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) subiu e agora chega a 47,3%, número 15,5% maior do que o registado 30 dias atrás.
A Secretaria de Saúde do estado apontou, nesta segunda-feira (16), que houve aumento de 18% na internações nas redes pública e privada apenas na semana passada. Um dos motivos teria sido o comportamento de parte da população no feriado de Dia de Finados, que relaxou nas regras de proteção e distanciamento social durante viagens e aglomerações nesse período.
Alerta dos especialistas
A preocupação com a possível chegada da segunda onda de Covid-19 também é compartilhada por especialistas. “Com 400, 500 mortes por dia, eu não diria que saímos da primeira onda. Eu diria que continuamos inundados e, agora, ao que tudo indica, o nível da água está aumentando”, afirma o médico sanitarista Claudio Maierovitch, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).
O sanitarista afirma ainda que o fim do ano, com as tradicionais confraternizações e reuniões de família, pode ser a gota d’água para o início da segunda onda. “Ainda em março, o Brasil deixou de tomar as medidas necessárias para o controle da pandemia, a população ficou completamente desamparada pelas autoridades em relação as orientações, a vigilância epidemiológica não funcionou, os governadores e prefeitos, por sua vez, foram diminuindo os níveis de alerta”, observou.
Héber Carvalho com os sites Rede Brasil Atual, IG e Metrópoles