O líder da Bancada do PT, deputado Enio Verri (PR), e o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) criticaram nesta terça-feira (20), as declarações dadas ontem (segunda-feira, 19) pelo presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, contra a extensão do auxílio emergencial para 2021. Para os líderes petistas, além de uma total insensibilidade social, as afirmações também demonstram uma profunda ignorância da dupla sobre a realidade econômica enfrentada pelo País.
O presidente Bolsonaro disse nesta segunda-feira a um grupo de apoiadores que o aguardavam na saída do Palácio da Alvorada que o auxílio emergencial não pode ser estendido porque causa forte impacto nas contas públicas. “Não dá para viver, ficar muito tempo mais com este auxílio porque, realmente, o endividamento nosso é monstruoso”, declarou. Já o ministro da Economia afirmou em entrevista ao CEO do Citigroup Latin America, Ernesto Cantú – durante abertura da conferência de negócios US-Brazil Connect Summit – que a extensão do auxílio para 2021 é “injustificável”.
“O Bolsonaro e o Paulo Guedes acham que a pandemia vai acabar quando for encerrado este ano. Eles não têm preocupação nenhuma com o impacto da Covid-19 na vida das pessoas e na economia. Nós defendemos que o auxílio continue, e não apenas R$ 300, mas de R$ 600, até termos a imunização da população por meio da vacina. Sabemos que mesmo se tivermos uma vacina liberada no início de 2021, primeiramente serão vacinados as pessoas em situação de risco de contágio e os que trabalham na linha de frente do combate ao vírus. Essa atitude do presidente demonstra a insensibilidade social do governo Bolsonaro-Paulo Guedes, que só tem compromisso em beneficiar o mercado financeiro nacional e internacional”, acusou Enio Verri.
O líder da Minoria também criticou as declarações contra a extensão do auxílio emergencial. Segundo ele, o fim do benefício no fim deste ano “é um acinte com o Brasil, principalmente com o povo mais pobre”. Segundo José Guimarães, se isto realmente ocorrer, no próximo ano o País pode entrar em um cenário de caos social e econômico.
“Primeiro Bolsonaro fez demagogia com o auxílio – que foi iniciativa do Congresso – e agora quer tirar o pão da mesa dos brasileiros. Vamos tentar impedir que isso ocorra no Congresso Nacional. O País não se sustenta sem esse auxílio, que vai além da sobrevivência das pessoas. Ele também movimenta a economia. Esse governo não sabe o que fazer com o Brasil, por isso que tirar esse auxílio que vem sustentando a população mais pobre do país, que vive principalmente nas periferias das cidades e nas regiões mais carentes, como o Nordeste”, disse Guimarães.
Obstrução em defesa do auxílio de R$ 600
Em defesa do pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, o líder do PT disse ainda que o partido participa nesta terça (20) da obstrução de todas as votações no plenário da Câmara, junto com os demais partidos de oposição. As legendas querem forçar a entrada na pauta de votações da medida provisória (MP 1000/2020), do governo Bolsonaro, que prevê a redução do auxílio para R$ 300. O objetivo é aprovar emendas ao texto que retomem o valor inicial de R$ 600 e que ainda estendam o benefício para o próximo ano.
Parlamentares da Bancada do PT na Câmara manifestaram pelo Twitter apoio à estratégia:
Deputado Carlos Veras (PE) – “Mais um dia que seguimos na batalha para pressionar a votação da MP 1000 de Bolsonaro e derrubar a redução do auxílio emergencial. A nossa luta é por 600 reais até o fim”.
Deputada Professora Rosa Neide (MT) – “Bom dia! Hoje vamos obstruir novamente os trabalhos para pressionar a votação da MP 1000, que reduz auxílio emergencial para R$ 300. A nossa luta é p/ manter valor de R$ 600 e ainda ampliar por mais 3 meses. Assim vamos garantir, de fato, comida na mesa do povo”.
Deputado Vicentinho (SP) – “Em reunião da bancada de deputados e deputadas federais do Partido dos Trabalhadores. Preparando a nossa ocupação nas trincheiras do parlamento em defesa dos direitos da nossa classe. Nesta semana a nossa principal luta: Assegurar os R$ 600,00 como valor mínimo, para o nosso povo”.
Deputado Bohn Gass (RS) – “PT em obstrução no Congresso. Não Votaremos nada antes da MP 1000 e do PL do Seguro-Desemprego. Queremos rejeitar o auxílio de R$ 300, manter os R$ 600 e ampliar em mais duas parcelas o seguro para quem perdeu trabalho na pandemia. Queremos votar o que importa para o povo agora”.
Héber Carvalho