O MST vem há meses denunciando a formação de quadrilhas na Bahia que tem atuado clandestinamente em assentamentos e acampamentos, disseminando mentiras sobre o movimento, aterrorizando famílias e fraudando informações sobre processos de regularização de reforma agrária sobre os quais apenas o Incra poderia ter acesso.
É de conhecimento público o interesse dos latifundiários e a disputa das áreas produtivas da reforma agrária e as investidas contra os trabalhadores sem-terra, áreas indígenas, áreas de preservação, quilombolas etc.
Na manhã desta quarta-feira (2), o governo Bolsonaro publicou uma Portaria no Diário Oficial em que autoriza o uso da Força Nacional a invadir áreas de reforma agrária no sul do estado.
Com esta ação, o governo demonstra de maneira flagrante estar atuando para desestabilizar áreas assentadas, onde as famílias trabalham e produzem há anos. Esta ação institucional legitima e fortalece as ações criminosas contra as famílias assentadas.
O papel do Incra é garantir o devido processo de reforma agrária das áreas já acordadas anteriormente. Ao invés disso, funcionários não identificados do governo têm entrado nos assentamentos para estimular o conflito, e agora tentarão usar forças militares para invadir e agredir assentados.
Não podemos admitir mais esta ação autoritária que só pode partir de um governo que não tem absolutamente nenhum compromisso com a vida de trabalhadores e não tem nada a oferecer às famílias do campo, a não ser a barbárie, a criminalização dos movimentos e a violência em uma pandemia que já levou mais de 120 mil vidas no Brasil.
O Partido dos Trabalhadores se junta ao MST e aos demais movimentos do campo para repudiar de antemão qualquer tentativa de uso da força na invasão dos assentamentos na Bahia, exigir a imediata revogação da Portaria e lutar pela garantia do direito à terra das famílias envolvidas.
02 de setembro de 2020
Direção Nacional do PT