PT quer a inclusão das novas provas contra ‘Gabinete de Ódio’ em ações na Justiça Eleitoral

O PT pediu ao Tribunal Superior Eleitoral que inclua as novas provas colhidas pelo Facebook do funcionamento do ‘Gabinete de Ódio’ que atua na disseminação de ataques aos adversários do presidente Jair Bolsonaro. As evidências de abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação pela chapa Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão foram reveladas pelo ‘Fantástico’, no domingo, 2 de agosto. O programa trouxe novos detalhes da apuração do Facebook que derrubou perfis bolsonaristas em junho.

“Estamos diante de fatos que desrespeitam o Estado de Direito, a democracia, o sufrágio universal, a isonomia e todos os princípios constitucionais e legais que visam regular a lisura do pleito eleitoral”, apontam na petição os advogados Eugênio Aragão e Ângelo Ferraro, que atuaram na defesa do ex-candidato Fernando Haddad nas eleições presidenciais de 2018, e são autores das duas ações de investigação judicial eleitoral que pedem a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão.

De acordo com a reportagem do ‘Fantástico’, por trás dos perfis de bolsonaristas estavam assessores do presidente Jair Bolsonaro e dos filhos, Eduardo e Flávio Bolsonaro, todos pagos com dinheiro público. Os assessores da tropa bolsonarista são acusados de manipular o debate público na internet, usando fake news, desinformação e ataques a adversários do presidente. Conforme a denúncia, a investigação do Facebook chegou a uma estrutura de contas falsas e que compartilhavam conteúdo falso, “operada por um pequeno grupo de assessores que mantêm relação direta com o poder, com a eleição”.

Esquema íntimo do presidente

Aragão e Ferraro apontam que a investigação do Facebook chegou a Tércio Tomaz, assessor especial de Jair Bolsonaro na Presidência da República e que atuou institucionalmente dentro da campanha presidencial de 2018. De acordo com o ‘Fantástico’, em 2018 Tércio participava diretamente na campanha de Bolsonaro à Presidência, contratado pelo gabinete do vereador carioca Carlos Bolsonaro.

“Em 2019, da Câmara Municipal, Tércio vai direto pro Planalto e hoje ocupa gabinete próximo do Presidente. Ele é acusado por parlamentares de integrar o chamado gabinete do ódio, grupo suspeito de promover ataques virtuais a desafetos da família Bolsonaro”, aponta a reportagem do ‘Fantástico’.

O PT vai pedir a abertura de investigação ao Ministério Público Federal para que apure a atuação irregular de Tércio Tomaz, hoje assessor especial de Jair Bolsonaro, além de outros assessores de parlamentares aliados do presidente, bem como dos filhos Eduardo e Flávio Bolsonaro.
O partido quer a apuração dos crimes de improbidade administrativa e uso de dinheiro público para sustentar a máquina de desinformação contra adversários de Bolsonaro. Os assessores Eduardo Guimarães e Paulo Eduardo Lopes, ligados a Eduardo, são mencionados pelo ‘Fantástico’, além de outros ligados ao hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Ação coordenada ocorreu em 2018

Os advogados do PT pediram ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Og Fernandes, que requeira o compartilhamento das provas juntadas pelo Facebook no Inquérito 4.781, que tramita dentro do Supremo Tribunal Federal, sob o comando do ministro Alexandre de Moraes. “A reportagem do ‘Fantástico’ revela que, apesar de destacar que tal organização ganhou maior volume após as eleições de 2018, também ressalta que tal rede articulada já agia durante a campanha eleitoral”, apontam Aragão e Ferraro.

De acordo com a denúncia, o histórico de postagens revelado pelo Facebook mostra como as redes sociais foram operadas pela campanha bolsonarista nas eleições de 2018. “Veja este ataque da página Bolsonaronewsss, comandada pelo assessor do Presidente Jair Bolsonaro, Tércio Tomaz, durante a campanha, que diz que a candidata Marina Silva defendia a legalização do aborto, o que é mentira”, diz a reportagem veiculada pela Rede Globo.

“Contra Fernando Haddad, do PT, são várias postagens que misturam críticas e fake news como esta que vincula o candidato ao suposto kit gay, outra mentira”. Um diretor do Facebook aponta claramente na matéria veiculada pela emissora no domingo: “O que eu posso dizer é que o comportamento enganoso dessas páginas removidas começou em 2018”.

Por PT Nacional

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