O Núcleo de Educação e Cultura do PT no Congresso Nacional, coordenado pelo deputado Waldenor Pereira (PT-BA) e a Comissão Nacional de Assuntos Educacionais do PT (CAED) deram continuidade, nessa quarta-feira (29), ao seminário interno que pretende apresentar o documento “A Educação Brasileira no Pós-golpe”. O texto em elaboração deve fazer um diagnóstico da educação brasileira e apontar desafios e diretrizes a serem alcançadas pelo setor.
O evento contou com a participação da deputada federal Professora Rosa Neide (PT-MT), da coordenadora do CAED, deputada estadual Teresa Leitão (PT-MG), Heleno Araújo (CNTE), do ex-deputado federal e especialista em educação Carlos Abicalil, da professora e coordenadora da Escola de Formação do PT, Selma Rocha, lideranças sindicais e educadores. O seminário se encerra na sexta-feira (31).
O deputado Waldenor Pereira adiantou que o documento vai trazer um balanço das políticas públicas para educação que foram implementadas pelos governos dos presidentes Lula e Dilma, e fazer também um diagnóstico do governo Bolsonaro. “Esse governo está promovendo a operação desmonte do Estado brasileiro. Ele tomou a educação como alvo principal dos seus ataques. Então, nós vamos apresentar proposições para o futuro, para sairmos da crise e também, o que o PT, o nosso partido propõe no campo da educação para superarmos esse desmonte promovido por esse governo”, explicou o parlamentar baiano.
Análise da educação no País
Waldenor disse ainda que o documento traz contribuições de professores, pesquisadores, intelectuais que atuam na área da educação. Segundo o parlamentar, foram feitas análises minuciosas das mais diferentes modalidades da educação. Ele reiterou que o estudo traz um exame geral da educação brasileira na atualidade, faz um balanço positivo do legado dos governos anteriores ao golpe parlamentar, jurídico e midiático de 2016 e aponta proposições para o futuro.
“Então, nós temos no documento estudo sobre educação infantil, sobre educação profissional e tecnológica, textos sobre educação de jovens e adultos, sobre educação indígena, sobre educação quilombola. Então, é um documento diverso, amplo, e que tem por finalidade fazer esse diagnóstico da educação brasileira e apontar os desafios para o futuro”, reiterou o Waldenor Pereira.
O coordenador do Núcleo de Educação adiantou ainda que o documento será lançado nacionalmente com data ainda a ser definida.
A Coordenadora do Caed, deputada Teresa Leitão lembrou que é preciso muita luta para se consolidar políticas públicas neste País. Ela esclareceu que o texto trata também de duas principais abordagens em relação aos profissionais de educação e às políticas de valorização profissional e sobre a identidade política e pedagógica dos profissionais da educação.
Sobre a política de valorização profissional, a deputada lamentou o fato de os profissionais da educação estarem sempre correndo atrás de um direito que no imaginário social é bem-vindo, é reconhecido, mas que nas políticas públicas é preciso muita luta para ser consolidada.
Teresa Leitão destacou que os trabalhadores da educação se caracterizam na única categoria profissional que passa quatro horas por dia, durante 200 dias letivos com a mesma clientela, com o mesmo usuário. Ela disse ainda, que esse contato, gera relações, experiências que precisam ser aproveitadas pedagogicamente, politicamente.
A deputada avalia que, talvez, seja por isso que o atual governo chama esses profissionais de doutrinadores. Isso, segundo ela, gera desconfiança e dialoga constantemente com as escolhas das políticas educacionais.
“Se eu tenho doutrinadores, eu preciso esvaziar as concepções políticas dos planos de educação, eu preciso escolher determinados viés ideológicos para que a minha concepção ela possa gerar dividendos para o projeto que ora governa o País”, lamentou Teresa.
A coordenadora do Caed afirmou que é preciso que a escola esteja nesse novo movimento do século 21. Dessa forma, continuou a deputada, “nós possamos de fato a interferir como sujeitos ativos, como protagonistas, e que possamos estimular nossos companheiros e companheiras a abraçarem sem desistir, para não desistirem de si mesmos”.
Trabalho coletivo
A coordenadora da Escola de Formação do PT, Selma Rocha, destacou o trabalho coletivo, consolidado a várias mãos. “As falas foram muito consistentes e elas avançaram em relação aos próprios textos. Eu li todos os textos e por força do trabalho com esse seminário e com a organização do texto geral, acho que há um avanço grande na discussão, isso se explica também pelas circunstâncias da conjuntura”, avaliou.
Como organizadora dos vários textos que irão compor o documento final, Selma Rocha sugeriu e ponderou sobre várias questões e uma delas foi acerca do cenário de desemprego e miséria que está por vir causado pela crise econômica e sanitária vivida pelo Brasil. Segundo ela, nesse contexto de desemprego e miséria, há o grande desafio de apresentar alternativas, uma vez que esse debate deve permear a disputa eleitoral de 2020. Ela lembrou ainda, que o quadro fiscal é extremamente difícil das prefeituras, mas que ainda há possibilidade de iniciativas.
Diálogo com excluídos
Selma sugeriu, entre outros temas, que se acelere a questão da intersetorialidade. “Essa perspectiva da intersetorialidade terá que ser um pouco rápida, porque nós precisamos do texto logo, pra que ele seja capaz de ajudar os nossos companheiros no discurso e no debate que acontecerá no território das eleições”, recomendou.
De acordo com Selma Rocha, esse é o momento de dialogar com os excluídos do sistema educacional brasileiro. “Eu acho que é uma grande oportunidade de nós falarmos sobre e com esses setenta e cinco milhões de pessoas que não tem acesso à educação básica e apontar a necessidade de políticas que levem a geração de emprego”, afirmou.
Benildes Rodrigues