Bolsonaro é desastroso, irresponsável e não tem condições de liderar o País, afirma Fontana

O presidente Bolsonaro tem sido desastroso na condução das políticas de saúde e na economia. A avaliação é do deputado Henrique Fontana (PT-RS) que, em discurso contundente na noite desta quarta-feira (22), afirmou que Bolsonaro é “irresponsável e não tem condições de liderar o País”.  Ele observou que o presidente passou os primeiros 50 dias da pandemia do coronavírus incentivando a população brasileira a encarar a crise de forma errada, negou a ciência, sugeriu que o isolamento social não era necessário, além de defender curas milagrosas com medicamento como a cloroquina, que não tem comprovação científica para enfrentar a Covid-19.

Henrique Fontana afirmou que essas polêmicas com as quais o “gabinete de ódio” orienta o presidente, de forma “absolutamente irresponsável”, a construir uma polarização artificial no País, com as quais ele procura trabalhar exclusivamente para mobilizar sua base social e para dividir o País num momento desta gravidade “está nos levando ao crescimento do número de mortes”.

Segundo deputado, que também é médico, infelizmente o Brasil enfrentará nas próximas semanas um quadro ainda mais difícil. “Aquilo que está ocorrendo em Manaus, aquilo que começa a ocorrer em Fortaleza e em outras grandes cidades que estão chegando ao limite da capacidade do seu sistema de saúde vai ocorrer também, infelizmente, em outros lugares”, alertou. E a responsabilidade disso, reforçou Fontana, será a má conduta do presidente Bolsonaro.

O deputado lamentou o fato de o governo não ter aproveitado os últimos 40 dias para ampliar a compra de testes. Ele disse que o Brasil precisaria ter, no mínimo, de 5 a 6 milhões de testes disponíveis neste momento. “Bolsonaro deveria ter planejado, para todo o enfrentamento da pandemia, no mínimo 20 milhões de testes. Não fez isso”, protestou.

O Brasil, continuou Fontana, não conhece qual é o plano de aumento de leitos de UTI com respiradores. Os governadores, citou, estão lutando, trabalhando para ampliar leitos. “Mas não há um plano efetivo do País coordenando nacionalmente esse esforço, dizendo onde serão instalados novos leitos de UTI, em que regiões, em que hospitais”, denunciou.

Falta política econômica

Na parte econômica, há uma paralisia do governo federal. Na avaliação do deputado, a equipe econômica de Bolsonaro insiste em asfixiar medidas que são importantíssimas. Ele citou como exemplo, a aprovação, pela Câmara, do auxílio emergencial indispensável para estados e municípios. “E o que está fazendo o governo Bolsonaro? Está trabalhando no Senado para desestabilizar a votação que foi feita pelos deputados”, denunciou.

Ele também destacou a renda mínima que garante até R$ 1,2 por família mais vulnerável aprovada pelo Congresso.  “Os atrasos nos pagamentos da renda mínima são deliberados, do meu ponto de vista. Pessoas que precisam não estão conseguindo se inscrever para receber esse socorro fundamental”, observou.

Redução salarial

Fontana criticou também a MP 936/20, editada por Bolsonaro, em meio à pandemia. A medida autoriza o corte nos salários de quem está contratado pela CLT, cortes que variam de 20%, 30%, 40%, às vezes, 50%. Fontana explicou ainda que a medida autoriza a suspensão do contrato de trabalho. “Suspensão é uma demissão com outro nome, porque uma pessoa que tenha o seu contrato suspenso em 70%, como é que ela vive com os outros 30% ou com o agregado que o governo propõe colocar, às vezes, com a metade do salário?”, indagou.

Fontana citou como exemplo da maldade da MP 936 a redução salarial de um trabalhador que ganha R$ 4 mil e que, pela medida, poderá ter seu salário cortado para R$ 2.319 reais. “Alguém que ganha R$ 5 mil pode ter cortado o salário para R$ 2.769. Tudo isso é inaceitável. Tudo isso é um erro de condução, uma irresponsabilidade na condução do País”, reforçou.

Aposta no conflito

E, para completar esse cenário, Fontana acrescentou que Bolsonaro aposta no conflito, na briga, na desestabilização das instituições – Parlamento e Supremo Tribunal Federal. “Jair Bolsonaro aposta na verdade do caos e aposta num golpe autoritário. Por isso, ele foi à porta do Quartel General em Brasília, no último domingo (19), para defender um golpe, para defender um regime autoritário, como ele já pratica e que ele gostaria de aprofundar. Por tudo isso, ele não tem condições de dirigir o governo do nosso País”, afirmou.

 

Vânia Rodrigues

 

 

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