Foto: Salú Parente
O diretor-eleito da Organização Mundial de Comércio (OMC), o embaixador brasileiro Roberto de Azevêdo, afirmou hoje ( 22) que sua escolha para dirigir a entidade mostrou, além do reconhecimento de sua candidatura, a demonstração de “ confiança e prestígio internacional por que passa o Brasil”. Para ele, o Brasil ocupa hoje uma posição central no cenário mundial.
A observação foi feita durante encontro de cortesia que teve com o presidente interino da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), e um grupo de deputados do PT, integrado pelo líder José Guimarães (CE), Geraldo Simões (BA), Jorge Bittar (RJ), Josias Gomes (BA), Valmir Assunção (PT) e Vicente Cândido (SP).
Na reunião, tratou-se da importância , para o Brasil e os países emergentes, da eleição de Azevêdo , que venceu o mexicano Hermínio Blanco, de tendência neoliberal e apontado como candidato dos países ricos . O embaixador agradeceu, por intermédio de André Vargas, o apoio político recebido da Câmara à sua candidatura.
Azevêdo assume o cargo em setembro e dirigirá a OMC por quatro anos, tendo como desafio principal dar prosseguimento à rodada de Doha, para a instituição de novas regras para o comércio global, além de enfrentar questões como a guerra cambial, patrocinada por países como os Estados Unidos.
Players – José Guimarães sublinhou a importância da eleição de Azevêdo, que deixou claro o novo papel do Brasil em uma nova geometria do poder mundial. Como ele lembrou, há pouco mais de dez anos, quem dava as cartas na OMC eram EUA, União Europeia (UE) , Canadá e Japão. “Agora, com a eleição do embaixador brasileiro, ficou evidente que na nova ordem os players são EUA, UE , China, Brasil e Índia”, comentou o líder.
O apoio recebido pelo candidato brasileiro, na avaliação de Guimarães, explicita a liderança brasileira em uma nova ordem mundial que está se consolidando , na qual o Brasil destaca-se também não só por sua força diplomática, mas pelo projeto que o PT e aliados têm implementado desde 2003, com crescimento econômico e distribuição de renda. ”O Brasil é referência em termos de justiça social, num momento de turbulência econômica mundial”, comentou o líder do PT.
Para André Vargas, a eleição de Azevêdo traz à tona questões como a inserção do Brasil no cenário mundial e seu papel nas negociações da OMC sobre novas regras para o comércio mundial. O presidente interno da Câmara observou também que o Brasil tem um desafio a ser resolvido rapidamente, que é o de dar mais competitividade para a indústria nacional num mercado internacional cada vez mais competitivo. “O Brasil precisa investir maciçamente em tecnologia, qualificação da mão de obra e enfrentar também questões como a reforma tributária”, ponderou Vargas.
Quanto à Rodada de Doha, Azevêdo disse aos parlamentares que há dificuldades, mas empenhará esforços e crê em possibilidades de avanços. O deputado Jorge Bittar afirmou que novas regras para o comércio mundial, em bases multilaterais, beneficiarão a todos. “Significaria ganhos para países como o Brasil, que enfrenta inúmeras barreiras nos países desenvolvidos”, disse.
O embaixador Roberto de Azevêdo visitou também a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, onde falou sobre sua eleição e as complexidades das negociações em torno da Rodada de Doha.
Questionado por parlamentares sobre de que maneira sua eleição poderá ajudar o desenvolvimento do Brasil, Azevêdo disse que como diretor da OMC não poderá pautar ações diretamente voltadas a países. “Minha atuação será isenta e envolve, por exemplo, sugestões ligadas a temas, nunca a países específicos”, disse.
Azevêdo também foi questionado sobre o crescente número de medidas protecionistas adotadas por vários países, sobretudo em razão do momento de crise internacional. “Isso não é benéfico para ninguém e o pior é que é uma medida que tende a ser copiada, permitindo que se alastre facilmente”, disse Azevêdo, que não acredita na eficácia de modelos econômicos fechados. Para ele, o caminho deve ser a busca de mais competitividade no mercado internacional.
Currículo – Brasileiro, Roberto Azevêdo venceu o mexicano Hermínio Blanco, apontado como candidato dos países ricos, e vai comandar a OMC pelos próximos quatro anos. Baiano de 55 anos e formado em engenharia civil, desde 2008 é representante permanente do País na organização que congrega 159 países-membros e tem sede em Genebra, na Suíça.
Na nota divulgada pelo Itamaraty para lançar a candidatura do embaixador brasileiro, ele foi apontado como “negociador-chave”. O Itamaraty também destacou a participação de Azevêdo na solução de disputas emblemáticas como o caso envolvendo os subsídios ao algodão, iniciado pelo Brasil contra os Estados Unidos.
Equipe PT na Câmara, com agências