Com o tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou no último dia 26, a Campanha da Fraternidade 2020. Segundo o texto-base que norteia a campanha, o objetivo este ano, é “conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relação de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”.
Durante o lançamento, o secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, reafirmou que o principal objetivo é “proteger a vida”, apontando o crescimento de casos de violência no Brasil. Ele destacou o “cuidado entre as pessoas” como a principal ação.
O deputado Frei Anastácio (PT-PB) lembrou que o texto traz a economia como um dos pontos centrais. “O novo olhar da igreja sobre a economia mundial é muito importante. O encontro do Papa Francisco com jovens economistas e empresários, entre os dias 26 a 28 de março também servirá para reflexão sobre o momento econômico atual. O interesse econômico não pode se sobrepor às pessoas. É necessário que se promova uma economia que trate as pessoas com dignidade, é necessária uma economia que tenha um olhar fraterno”, destacou Frei Anastácio.
Segundo o texto da CNBB, o encontro do Papa Francisco com jovens economistas e empresários de todo o mundo “para refletir sobre uma nova economia baseada na fraternidade que garanta a justiça misericordiosa para os pobres”.
Desigualdade abissal
Na opinião do deputado Padre João (PT-MG), o capitalismo e o neoliberalismo não conseguem mais dar respostas para a humanidade. Para ele, a desigualdade é abissal com 4 bilhões de pessoas do planeta abaixo da linha da pobreza e 1% da população mundial detém toda a riqueza do mundo. “A concentração das riquezas tende a aumentar. O Papa Francisco mexeu nesta ferida. Ele tem denunciado este sistema perverso. Criamos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano”, lamentou.
Crise mundial
De acordo com o deputado, a crise mundial – que envolve as finanças e a economia – “põe a descoberto os seus próprios desequilíbrios e, sobretudo, a grave carência de uma orientação antropológica que reduz o ser humano a apenas uma das suas necessidades: o consumo”.
Essa realidade, explicou o parlamentar, faz com que o Papa promova encontros para debater uma nova economia para o mundo. “O estado deve ser o provedor do bem-estar social. E mais do que isso: a humanidade precisa encontrar outros caminhos, outro modo de viver, com solidariedade humana, com preservação ambiental e justiça social. Parabéns ao Papa Francisco pela iniciativa!”, salientou Padre João.
Benildes Rodrigues