Por mais que continue tentando se afastar do PSL, Jair Bolsonaro ainda tem muito a esclarecer sobre sua influência na legenda. Em mais um desdobramento da investigação sobre o laranjal do partido, Gustavo Bebianno declarou à Polícia Federal que Bolsonaro autorizou repasse de 30% do fundo eleitoral do PSL para o diretório do partido em Pernambuco, investigado por esquema de candidaturas laranjas. Bebianno é ex-ministro da Secretaria Geral e foi presidente do PSL em 2018.
O estado do Nordeste é a base política do deputado Luciano Bivar, hoje presidente do PSL. O parlamentar é investigado por desviar os recursos do fundo para candidaturas laranjas no estado. Segundo à Folha de S. Paulo, no depoimento à PF, Bebianno afirmou que Pernambuco recebeu a parcela significativa devido a um acordo feito no início do ano entre Bivar e Bolsonaro, que selou a filiação de Jair ao partido. Ainda de acordo com o ex-ministro, a divisão do fundo eleitoral foi definida por ele, o deputado Fernando Francischini, Jair e Eduardo Bolsonaro, Bivar e seu braço-direito, Antônio Rueda.
Dirigente admite esquema em Pernambuco
Bete Oliveira, presidente do PSL Mulher de Pernambuco em 2018, afirmou à Polícia Federal que o partido cometeu irregularidades durante as eleições do ano passado, segundo reportagem da Folha. Em seus depoimentos à PF, Bete declarou que mulheres foram chamadas a participar do pleito somente para cumprir a cota mínima obrigatória de 30% de candidaturas femininas. Bete recebeu somente 2.529 votos em Pernambuco, estado onde o único candidato eleito do PSL foi Bivar, atual presidente do partido.
Em fevereiro, o próprio Bivar declarou que “política não é muito de mulher”. Apesar da fala machista, o atual deputado repassou R$ 650 mil à duas candidatas do partido, segundo declaração no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Maria de Lourdes Paixão, secretária de Bivar há décadas, recebeu R$ 400 mil e apenas 274 votos. Érika Santos, também ligada a ele, obteve R$ 250 mil e somente 1.315 votos. Bete declarou à PF que “os atos de campanha mínimos realizados pelas duas candidatas mencionadas não justificam o vultoso gasto”.
Laranjal nacional
O esquema de candidaturas laranjas do partido de Bolsonaro não se limitou apenas ao estado de Pernambuco. O Ministério Público de Minas Gerais denunciou o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PSL) por crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa devido ao laranjal do partido no estado.
Bancado por Bolsonaro, o ministro teria comandado um esquema de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada nas últimas eleições, de acordo com a investigação conduzida pela Polícia Federal. Os últimos avanços do processo ainda sugerem o desvio de recursos para as campanhas de Jair à Presidência da República e de Marcelo Álvaro a deputado federal, de acordo com depoimento de um ex-assessor do ministro.
Em outubro, a deputada Soraya Manato (PSL-ES), em uma tentativa fracassada de atacar adversários políticos, admitiu o esquema do próprio partido. Durante sua fala na Câmara, Soraya disse que “tem laranja em tudo que é partido. Aqui no PSL tiveram os candidatos laranjas”.
Da Agência PT de Notícias