O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), defendeu hoje (30) a convocação do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Fabrício Queiroz, para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. Ele defendeu ainda a quebra do sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Queiroz, tido como tesoureiro da família Bolsonaro, para esclarecer a profusão de fake news no Brasil, em especial durante a campanha eleitoral do ano passado, já que o financiamento das milícias digitais pode ter saído de suas contas.
A proposta do líder petista foi feita durante reunião da CPMI em que foi ouvido o ex-aliado de Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP). Frota declarou que o presidente da República protege e financia “terroristas virtuais”, em referência a três assessores pessoais que trabalham dentro do Palácio do Planalto. De acordo com o parlamentar, o trio age sob coordenação de Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), vereador no Rio de Janeiro e filho do chefe do Executivo.
Informação gravíssima
No depoimento, Frota disse que o próprio Jair Bolsonaro comanda um esquema de proteção a Queiroz, já que foi repreendido duas vezes pelo presidente da República – uma vez por telefone, outra pessoalmente – quando citou o nome de Queiroz no plenário da Câmara. Pimenta observou que a informação é gravíssima e, por isso, é essencial a convocação de Queiroz pela CPMI.
Pimenta instou o líder do PSL na Câmara, Eduardo Bolsonaro (SP), a apoiar a iniciativa de convocar Queiroz. O deputado e filho do presidente da República compareceu à reunião da CPMI apenas para provocar Alexandre Frota e outros integrantes da oposição, saindo às pressas para não ouvir as respostas de seus colegas parlamentares. “Fala o que quer e foge, é um mimado e covarde”, disse Pimenta ao se referir ao comportamento de Eduardo Bolsonaro.
Dinheiro de milicianos
O líder do PT observou que as investigações mostram que Queiroz recebia dinheiro de milicianos em suas contas e repassava para a família de Bolsonaro. Um dos acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, há 595 dias, é o capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, um dos chefes do Escritório do Crime que teria participado do atentado.
Sua ex-mulher e mãe trabalharam no gabinete do atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), quando ele era deputado estadual pelo Rio. Elas, segundo disse Pimenta, repassavam dinheiro para Queiroz, num esquema de “rachadinha”. “Queiroz pagou até contas da primeira-dama Michele Bolsonaro”, observou o parlamentar.
Pimenta frisou que as relações com o capitão Adriano eram tão próximas que o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro chegou a homenagear o suspeito de participar do assassinato de Marielle com honrarias da Assembleia Legislativa do Rio.
O capitão recebeu a medalha Tiradentes – a maior honraria do estado do Rio – quando se encontra preso em uma cadeia.
A CPMI das Fake News foi convocada para apurar o assédio e a incitação a outras práticas prejudiciais na internet, bem como formas para combatê-las. Um dos focos é a investigação sobre disseminação de notícias falsas, como as que ocorreram nas eleições de 2018.
Veja a fala do líder Paulo Pimenta:
PT na Câmara