Em palestra proferida neste sábado (19), a filósofa e ativista norte-americana Angela Davis defendeu a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, denunciou que o capitalismo está destruindo o planeta e afirmou que a democracia do sistema ainda é de minorias. A observação foi feita sábado (19) , na conferência de encerramento do seminário Democracia em Colapso?, evento promovido pela editora Boitempo e o Sesc São Paulo.
“A democracia, nos Estados Unidos como no Brasil, é uma democracia racista porque exclui os negros, é misógina porque exclui as mulheres, é elitista porque exclui os pobres, inclusive homens brancos, e é excludente também com as pessoas com deficiência”, afirmou. “A democracia que virá terá de corrigir tudo isso.”
A ativista foi generosa com os anfitriões. Abriu sua fala enaltecendo as lutas brasileiras por igualdade e liberdade, as conquistas alcançadas em décadas, a diversidade cultural e étnica. E defendeu que o Brasil deveria ser a referência para que o povo do continente pudesse ser chamado de povo americano, e não os Estados Unidos.
Lula Livre
Durante sua fala, Angela Davis ergueu o braço com o punho cerrado e acolheu como seus os gritos de “ Lula livre”. E também manifestou solidariedade a Janice Ferreira da Silva, a Preta, liderança do Movimento dos Sem Teto do Centro (MTSC) recém-libertada por meio de um habeas corpus que ainda impõe uma série restrições ao seu direito de ir e vir. E encantamento: “Uma mulher negra presa injustamente que jamais esqueceu de lembrar que não é a Preta, mas milhares de mulheres negras presas injustamente”.
No caso específico do Brasil, disse que “há pouco tempo, pessoas que amam a liberdade, como eu´”, olhavam para o País “como um farol de esperança, uma vez que afro-brasileiros e especialmente mulheres afro-brasileiras estavam emergindo e trazendo demandas democráticas raciais”. Ela citou como exemplo a vereadora Marielle Franco, executada em março de 2018, junto com seu motorista Anderson Gomes. “Quando falei em Goiânia, em 2018, mesmo que o povo estivesse em luto por Marielle, pelo golpe de Dilma Rousseff e pelo encarceramento de Lula, estava querendo lutar pela liberdade”.
Opressão
A filósofa acrescentou: “Marielle sabia que a liberdade era uma luta constante e isso é levado em frente por quem combate a homofobia, o racismo e outras formas de opressão. Não há democracia sem a articulação de mulheres negras, porque elas representam os pobres, os indígenas, as vítimas de violência racial e os oprimidos”.
Aos 75 anos, Angela Davis continua sendo um furacão por onde passa. A professora, filósofa e perseguida política em seu país durante as décadas de 1960 e 1970, de grandes lutas pelos direitos civis, lotou o auditório do Sesc Pinheiros, na zona oeste em São Paulo. Um público eclético, de todas as classes sociais e idades, formado em sua maioria por jovens, negros e brancos.
Angela é reconhecida no mundo todo por sua luta em defesa dos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial. Pagou caro por sua luta. Permaneceu presa, sem saber se seria levada à cadeira elétrica, por 16 meses. Ficou ainda maior.
O movimento Libertem Angela Davis tomou o mundo, tornando a ativista uma personalidade internacional. Tornou-se música – Angela, de John Lennon e Yoko Ono, e Sweet Black Angel, dos Rolling Stones. E, na música, reconheceu a luta das mulheres nos anos 1920 cantavam denunciando a violência de gênero no trabalho e em casa, historia que conta no livro O legado do blues e o feminismo negro.
PT na Câmara com revista Fórum e Rede Brasil Atual