Não é de hoje que Bolsonaro utiliza fake news para tentar esconder tudo o que faz (e fez) de errado em seu desgoverno e para proteger filhos e amigos milicianos. Agora, Jair utiliza a TV Record, sua aliada de primeira hora, na dispersão de fake news em rede nacional. O principal objetivo é desviar o foco do novo escândalo que atingiu seu governo: um ex-assessor do Ministério do Turismo falou que o caixa dois arrecadado pelo “laranjal’ do PSL também abasteceu a campanha de Jair.
Frente à nova denúncia de corrupção, a tropa de choque do Planalto decidiu agir e, na noite deste domingo (6), o Jornal da Record veiculou uma reportagem infundada e duvidosa que sugere relação entre advogados do PT e a facção criminosa PCC. Mais uma vez, Bolsonaro e Record tentam produzir argumentos falsos para que a população acredite que a ligação existe.
Vale lembrar que a rede Record é uma concessão pública, na qual está vedado o uso político. Porém, a quantidade de verba investida por Bolsonaro na Record parece ter um grande peso nas decisões editoriais. Até abril desse ano, Bolsonaro havia aumentado em 63% os gastos com publicidade sendo a Record a que mais foi beneficiada da lista, com pouco mais de R$ 10 milhões, segundo levantamento do UOL. Além disso, o faturamento publicitário da Record junto à Secom (Secretaria Especial de Comunicação) teve aumento de 659%.
O aumento dos milhões vindos do governo dá materialidade à já conhecida relação de camaradagem entre Edir Macedo e Bolsonaro. Como bem lembra a reportagem do UOL, “a Rede Record é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, comandada pelo bispo Edir Macedo. O religioso declarou apoio à candidatura de Bolsonaro à Presidência em setembro do ano passado”.
Entenda a fake news
A Record utiliza técnicas como vazamentos parciais e embaralhamento de informações fora de contexto com o claro objetivo de tentar manchar a reputação de terceiros. Em agosto, o próprio promotor Gakiya já havia desmentido qualquer ligação entre PT e PCC, em entrevista ao UOL.
O vídeo veiculado neste domingo (6) não traz documentos oficiais do Ministério Público de São Paulo e nenhuma prova de que as informações sejam verdadeiras. A única fonte é o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, porém, a fala dele é retirada de contexto e nada tem a ver com a suposta “relação” do PT com o PCC que a emissora tenta propositalmente criar. Eles utilizam como gancho a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 579, movida pelo Instituto Anjos da Liberdade, contra a Portaria 157 do Ministério da Justiça, como se tivesse qualquer relação com o pacote anticrime de Moro. No entanto, a Portaria violava garantias constitucionais e relacionadas aos Direitos Humanos dos presidiários.
Em nota, o PT reafirma que “a proposta da ADPF foi apresentada pelo advogado Geraldo Prado, em nome do Instituto Anjos da Liberdade, que se tornou ‘amicus curie’ do PT no processo. Tanto o advogado quanto o Instituto são reconhecidos no mundo jurídico por sua atuação na defesa de vulneráveis”.
O partido reitera ainda que “desconhece qualquer suposta relação dos advogados que atuam no caso ou do Instituto Anjos da Liberdade com organizações criminosas”. No Twitter, a presidenta Nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann também se manifestou sobre o caso:
Bolsonaro covarde se esconde atrás da Record p/ espalhar mentiras. PT entrou no STF contra ato de Moro q fere a Constituição e os direitos. Quem tem ligação com milícia e crime organizado é Bolsonaro. Cadê o Queiróz? Quem mandou matar Marielle e Anderson? https://t.co/BpYkQfKScc
— Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) October 6, 2019
O caso dos Sem Terrinha
Além dos ataques ao PT, a TV Record se dedica a atacar também os movimentos sociais. No começo do ano, foi veiculada uma matéria sobre o Encontro Nacional Sem Terrinha, realizado em 2018 pelo MST em Brasília. A “reportagem” buscou criminalizar o movimento a todo custo. Ignorando o trabalho de valorização da agricultura orgânica e da defesa dos direitos, a Record falou apenas de “doutrinação de crianças” e afirmou que o MST não cuidou dos sem-terrinha.
O movimento publicou uma nota de repúdio e exigiu direito de resposta da Record, além de desafiar a empresa “a se propor a um jornalismo sério e de qualidade que preze pelos fatos e não interesses políticos”.
Da Agência PT de notícias