Ao contrário do que prega o governo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), a reforma da Previdência não promoverá crescimento econômico, nem geração de empregos. A análise é do ex-ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, que explica: “a reforma da Previdência vai retirar dinheiro de circulação, porque os trabalhadores, aposentados e pensionistas terão menor renda para consumir”.
Para o ex-ministro, ainda que o governo volte a investir, o que ele acha muito difícil, não haverá recuperação econômica, pois quem tinha padrão de consumo maior, agora com salários e aposentadoria menores, não vai ter poder de compra e, consequentemente, haverá uma queda da renda interna do país.
“Quem receberia de três a quatro salários mínimos de aposentadoria vai ter o rendimento diminuído em quase um salário, além de ter de trabalhar mais tempo. Quem sonhava se aposentar em dois ou três anos vai ter de esperar mais cinco anos. Com o alto índice de desemprego, quem tem alguma economia para comprar um novo bem, um carro, por exemplo, vai preferir esperar ao menos ter a certeza de que vai se aposentar e de que não vai perder o emprego no meio do caminho”, avalia Berzoini.
O ex-ministro cita também como exemplo de queda de poder de compra, que vai impactar no consumo, a perda da aposentadoria especial para os vigilantes e outras categorias profissionais. Ele lembra que um vigilante se aposenta hoje com 25 anos de contribuição. Ao igualar essa categoria às demais que têm direito à aposentadoria somente aos 65 anos, esse vigilante não vai ter emprego com idade acima de 60.
“O que a empresa vai preferir? Um vigilante jovem de 20 e poucos anos ou um de 60?, questiona, Ricardo Berzoini, que complementa: “no futuro, muita gente não vai chegar a cumprir as novas regras e não vai ter renda”.
A mesma situação, segundo ele, vale para todos os trabalhadores do setor privado que não conseguem emprego aos 50 anos, e para quem está empregado, mas que tem dificuldades em manter seu trabalho por causa da crise econômica.
“Os trabalhadores mais qualificados dependem de ter, ou não, crise, para permanecerem no emprego, porque em certas funções a experiência conta, mas não é fator decisivo. Já os menos qualificados, com crise, ou sem crise, podem perder o emprego a qualquer momento. É por isso que os empregos que o governo diz que a reforma vai trazer não serão criados porque o dinheiro não vai entrar na economia”, diz Berzoini.
Na avaliação do ex-ministro, somente o servidor público vai continuar trabalhando. “Em tese, porque o servidor tem estabilidade, mas já estão querendo retirar esse direito, mesmo se tiver a saúde precarizada pela idade”, afirma.
Dias piores virão. O assalariado de classe média baixa que movimenta a economia, que tem um papel no mercado de consumo muito forte, que está na faixa dos 55 anos e achava que estava prestes a se aposentar em 2020 vai ter de esperar 2030 chegar. Ele vai reduzir o seu consumo e a crise econômica vai continuar
Por CUT
Foto Site UGT