Parlamentares, representantes de movimentos sociais e dos povos da Amazônia afirmaram nesta terça-feira (4) que somente com a união da sociedade será possível vencer a agenda de retrocessos que o governo Bolsonaro tenta impor à região. As afirmações foram feitas durante o lançamento do “Empate dos Povos da Amazônia, em Defesa da Soberania Nacional e de Direitos”, ocorrido no Salão Verde da Câmara. O nome inicial do movimento – Empate – é como se denominava a luta de Chico Mendes ao liderar mobilizações de enfrentamento para defender os territórios dos povos da floresta e impedir a sua derrubada pelos invasores.
Para o deputado Airton Faleiro (PT-PA), um dos organizadores do evento na Câmara, a atual conjuntura de retrocessos nas políticas voltadas à Amazônia exige uma reação da sociedade civil organizada e do parlamento.
“A conjuntura exige uma reação, diante destes ataques declarados aos povos da Amazônia e ao meio ambiente, com a flexibilização da legislação ambiental e a entrada do capital estrangeiro na Amazônia, além de a retirada de direitos”, afirmou.
Na mesma linha, o deputado José Ricardo (PT-AM), coordenador do Núcleo da Amazônia no Congresso, ressaltou a importância do movimento na defesa da soberania da região.
“O presidente (Bolsonaro) quando fala em explorar a Amazônia junto com os Estados Unidos, refere-se à exploração dos povos ribeirinhos, quilombolas, indígenas, e à população do campo e da cidade dessa região, exploração essa que não vem com garantia de direitos. Por isso temos que enfrentar esse governo. Nós, do Núcleo da Amazônia, estamos juntos com os movimentos sociais nesta luta”, declarou.
Durante o evento, foi lido o manifesto do Empate dos Povos da Amazônia. O texto destaca que o objetivo do movimento é “denunciar nacional e internacionalmente, as ameaças que os povos e o meio ambiente estão sofrendo e propor uma agenda de ações e políticas públicas para a região”. Entre os retrocessos, foram citados a não demarcação de territórios indígenas e quilombolas e a ameaça de entregá-los à exploração predatórias de suas riquezas minerais, além de ações de desmonte da fiscalização e do monitoramento de derrubada da floresta.
Para a ambientalista Angela Mendes – filha de Chico Mendes – o Empate é um movimento de resistência contra a destruição da floresta.
“Só com luta e união de todos, dos movimentos sociais e socioambientais do Brasil e do planeta, poderemos resistir aos que tentam destruir o que nós construímos com muito suor, sangue e à custa de muitas vidas. O Empate somos nós, nossa força e nossa luta, Chico Mendes vive!”, bradou.
Plano de ação
Como plano de ação, o Empate dos Povos da Amazônia, em Defesa da Soberania Nacional e de Direitos planeja realizar ações de massa simultâneas nos nove estados da Amazônia Legal, com a apresentação de denúncias, reivindicações e propostas de políticas de desenvolvimento para os estados e para a Amazônia.
O movimento pretende ainda apresentar em Brasília, em conjunto com representações dos povos e comunidades da Amazônia, de movimentos sociais e organizações populares dos estados da região, uma agenda de desenvolvimento e políticas públicas para a imprensa nacional e internacional, Congresso Nacional, Poder Judiciário e governo federal.
Também participaram do lançamento do Empate dos Povos da Amazônia o líder da bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS); o coordenador do Núcleo Agrário do PT, deputado João Daniel (SE); o deputado Célio Moura (PT-TO), além de representantes da Articulação dos Povos Indígenas (APIB), do MST, da CUT e do Fórum Internacional da Amazônia (FIA).
Organizações sociais e sindicais estiverem presentes à atividade, entre elas a Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), além da UNE e da UBES.
Veja o evento na íntegra:
Héber Carvalho
Fotos – Gabriel Paiva