Abraham Weintraub, ministro da Educação do governo Bolsonaro, protagonizou uma enorme gafe durante entrevista coletiva [vídeo abaixo] nesta sexta-feira (3). Tratando das avaliações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o gestor – no cargo há menos de um mês – confundiu o custo envolvido no processo e passou a entrevista inteira falando em R$ 500 mil, quando o valor real será de R$ 500 milhões. A gafe foi reforçada por Elmer Coelho, delegado da Polícia Federal escolhido para presidir o INEP, órgão vinculado ao MEC que é responsável por processos de avaliação e planejamento para o setor educacional.
Weintraub e Coelho ressaltaram várias vezes o “baixo custo” para avaliar 7 milhões de estudantes e o ministro chegou a elogiar o titular do INEP. “O Elmer veio para cá para fazer mágica. E já chegou marcando gol”. Envaidecido, o delegado respondeu ao afago usando o jargão policialesco: “Missão dada! Missão dada!”, disse Coelho.
Despreparo
Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), que foi reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a gafe dos gestores revela o “absoluto despreparo” das pessoas escolhidas por Bolsonaro para conduzir a educação brasileira.
“Temos não apenas atos ofensivos à educação, à ciência, ao conhecimento, mas o que eles têm falado demonstra o profundo desconhecimento das pessoas que estão a cargo da educação no Brasil. Os ataques às universidades, na sua autonomia, na sua produção científica, falando em ‘balbúrdia’, mostram que estas pessoas não têm a menor noção de como funciona uma universidade e de como é a dinâmica da vida universitária”, critica a parlamentar.
Na opinião da deputada, a gafe da entrevista coletiva indica que a situação é ainda mais grave porque o INEP está correndo sério risco de ter a sua função desvirtuada. “O INEP coordena uma área crítica para a educação e estamos vendo esse órgão ser sucateado, ser jogado na mão de pessoas que não têm a menor ideia do que fazer lá”, lamenta Margarida, que é linguista.
Histórico escolar
A parlamentar mineira disse ainda que a confusão do ministro com os números justifica a má fama do seu histórico escolar, que está circulando nas redes sociais. “Esse episódio e o histórico escolar do ministro mostram que ele foi um estudante medíocre e é uma pessoa que não tem familiaridade com a vida acadêmica, embora seja professor de uma universidade pública. Lamento porque a universidade não deve estar bem servida com ele”, comentou a deputada.
Assista abaixo ao vídeo com o resumo da entrevista do ministro e do presidente do INEP.
Rogério Tomaz Jr.