O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), em texto publicado nas redes sociais, nesta quarta-feira (9), questionou a condição de “intocável” do ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU). No texto, Pimenta listou as acusações contra Nardes, denunciado por favorecimento a empresas que lhe pagavam propina para que ele atuasse para livrá-las de multas milionárias no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Paulo Pimenta também destaca a seletividade da Justiça brasileira que até hoje não julgou o caso, que teve o inquérito concluído em dezembro de 2017, “e repousa em alguma gaveta de Raquel Dodge, na PGR, desde fevereiro de 2018, quando a procuradora pediu vistas no processo”.
“Essa demora em julgar o caso demonstra a seletividade do Poder Judiciário brasileiro, que julga com celeridade processos envolvendo lideranças do PT, condena em tempo recorde o ex-presidente Lula, como foi no TRF-4, e trabalha a passo de tartaruga quando se trata dos ‘amigos do rei’. O que faz Nardes ser intocável pela Justiça brasileira? ”, indagou Pimenta.
Leia abaixo a íntegra do artigo:
O estranho poder do ministro do TCU que ninguém consegue atingir
Augusto Nardes, ministro delatado do TCU, autor da farsa das pedaladas fiscais que resultaram no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, homem forte nos esquemas da RBS com o Carf, recebido com pompa por empresários na Firjan e por Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.
Aberto ainda em 2015, o inquérito que apura os ilícitos de Nardes e seu sócio-sobrinho – que receberam pelo menos R$ 2,5 milhões em propina para livrar o Grupo RBS de multa tributária de centenas de milhões de reais – foi concluído pelo STF em dezembro de 2017 e repousa em alguma gaveta de Raquel Dodge na PGR desde fevereiro de 2018, quando a procuradora pediu vistas no processo.
O comportamento da PGR mostra, mais uma vez, a seletividade de setores do poder judiciário brasileiro, que julgam com celeridade processos envolvendo lideranças do Partido dos Trabalhadores, condenam em tempo recorde o ex-presidente Lula, como foi no TRF-4, e trabalham a passo de tartaruga quando se trata dos “amigos do rei”.
Nardes e Bolsonaro mantêm uma relação cordial. O ministro, delatado por empreiteiros, pelo ex-presidente da Fecomércio/RJ – que teria pago uma mesada de R$ 100 mil ao ministro entre 2015 e 2016 – e pelo ex-subsecretário de transportes do Rio de Janeiro, foi usado por Eduardo Cunha, Michel Temer, Aécio Neves e toda a turma golpista para aprovar o impeachment fraudulento da presidenta Dilma, fato que acabou ajudando Jair Bolsonaro a se consolidar como alternativa ao Planalto no pleito de 2018.
Contatos com grandes veículos de comunicação, ligação com os maiores empreiteiros do país, vínculo com figuras conhecidas por ilícitos cometidos contra o estado do Rio de Janeiro e forte ligação com o atual governo federal. O que faz Nardes ser intocável pela Justiça brasileira?
Dep. Paulo Pimenta (PT-RS) – Líder do PT na Câmara
PT na Câmara