Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo revelam a troca de 200 telefonemas entre o contraventor Carlos Cachoeira e o diretor da sucursal da Veja, em Brasília, Policarpo Jr. Nas ligações, Policarpo debatia com o contraventor pautas favoráveis ao esquema de Cachoeira.
Já o magnata Murdoch foi condenado por bisbilhotar a vida de políticos e celebridades no escândalo das escutas telefônicas ilegais, orquestrada pelo jornal de sua propriedade, o News of the World. Murdoch foi considerado “inapto” pelo parlamento britânico.
Para Fernando Ferro, a semelhança entre os dois fatos é “emblemática” e, segundo ele, requer ações contundentes por parte do parlamento. “A relação Veja-Cachoeira é uma associação que não tem interesse jornalístico e representa um atentado à democracia. É um fato emblemático e exige uma apuração cuidadosa. A CPMI do caso Cachoeira terá a oportunidade de apurar a relação entre um delinquente e um órgão de imprensa”, avaliou Ferro.
De acordo com o petista, se houve a associação da imprensa com o crime organizado tem que ser investigado. “Se existe um fato concreto, é preciso trazer à tona para o bem do Estado de Direito, para a democracia e, principalmente, para uma imprensa livre dos tentáculos do crime organizado”, disse.
O deputado Praciano, presidente da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, disse que as “práticas duvidosas e suspeitas protagonizadas pela Veja são uma afronta ao Estado brasileiro”. De acordo com o parlamentar, tais práticas devem ser averiguadas e punidas nos moldes das sanções aplicadas ao magnata da mídia britânica, Rupert Murdoch.
Para Sibá Machado, os jornalistas que operam junto a Carlos Cachoeira não podem ser considerados jornalistas. “São agentes travestidos de jornalistas que operam para a revista, com intuito de destruir a vida de políticos. Esse tipo de prática é um golpe à democracia”, argumentou.
Benildes Rodrigues