Lula solidariza-se com trabalhadores e condena ortodoxia econômica da Europa

lulabndes030512Em discurso durante seminário sobre cooperação do Brasil com a África, que marcou o início da comemoração dos 60 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma dura crítica aos países ricos pelo comportamento diante da crise internacional.

“Punem as vítimas da crise e distribuem prêmios para os responsáveis por ela. Há algo muito errado nesse caminho”, afirmou Lula para uma plateia de empresários e autoridades.

O ex-presidente protestou contra medidas de austeridade dos países europeus que tiram direitos dos trabalhadores. “Ao sistema financeiro, todo apoio. E aos trabalhadores e aposentados, nenhum socorro”, afirmou o presidente, em discurso de cerca de 20 minutos.

“As crises sempre são respondidas da mesma forma pelos países desenvolvidos: com medidas de austeridade para os trabalhadores e distribuição de benefícios para o sistema financeiro, que causou a crise”, afirmou Lula. “Olho para trás e vejo que os governantes ainda não resolveram problemas da crise de 2008. Há medo de regular o sistema financeiro e eles continuam punindo as vítimas da crise”, completou.

Antes de começar a discursar, Lula lembrou: “Faz sete meses que não falo. Espero que não tenha desaprendido a falar”. Curado de um câncer na garganta, contra o qual fez tratamento nos últimos meses, o presidente entrou no palco do BNDES com o auxílio de uma bengala. Os assessores explicaram que é normal devido ao enfraquecimento causado pela doença. Embora tenha tido uma dificuldade inicial no discurso, prosseguiu bem até o fim.

COOPERAÇÃO – Lula exaltou as relações de cooperação entre o Brasil e o continente Africano, que ganharam grande impulso em seu governo. “Em lugar de ficarmos paralisados com a crise internacional, que não foi criada nem por brasileiros nem por africanos, precisamos estreitar relações. O Atlântico não mais nos separa, nos une nas mesmas fronteiras,  nos banhamos nas mesmas águas”, afirmou.

Lula elogiou as medidas que vêm sendo tomadas pelos governos africanos para enfrentar a crise. “Os regimes da África estão propondo medidas para aumentar o investimento e o consumo interno. A hora é de ousadia”, explicou o ex-presidente, que permanece até o início da tarde no seminário e depois almoça com autoridades africanas. “Distribuição de renda é a marca da África do século XXI. O continente consolida a passos largos a democracia, apesar de alguns problemas que podem existir”, salientou.

O ex-presidente também mostrou otimismo em relação à economia brasileira. “Esta geração de empresários está vivendo uma época de oportunidades jamais vista. O Brasil está preparado para se tornar uma das maiores potências do mundo. E não estamos falando apenas de PIB (Produto Interno Bruto), mas de distribuição de renda. E possibilidades de fazer negócios com países de todo o mundo, não apenas com Estados Unidos e Europa, como era antigamente”, disse.

Lula chegou à mesa principal do seminário acompanhado do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que agradeceu em seu discurso as parcerias com desenvolvidas durante o governo Lula entre a União e o Estado do Rio. Lula devolveu: “Tudo o que foi feito no Rio era obrigação do governo federal, de recuperar o que os outros tinham destruído”.

Nesta sexta-feira, Lula recebe o título de doutor honoris causa de cinco universidades cariocas – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Estadual do Rio (UERJ) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O evento terá a presença da presidente Dilma Rousseff (PT).

Equipe Informes, com agências

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