O número de negociações salariais fechadas no primeiro semestre de 2014 e que tiveram reajuste superior à inflação aumentou. Na primeira metade do ano, quase todos os 340 acordos coletivos de trabalho (93,2%) assinados resultaram em reajustes salariais acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano passado, nesse mesmo período, 83,5% das negociações salariais foram acima da inflação.
A informação faz parte do estudo Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estudos de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado nesta quinta-feira (21). O percentual médio de aumento entre janeiro e junho deste ano foi de 1,54%, o terceiro melhor desde que o Dieese começou a acompanhar em 2008 os acordos realizados pelos trabalhadores da indústria, comércio e setor de serviços.
Na média, os aumentos reais chegaram a 1,5% na indústria; 1,57% no comércio e 1,51%, no setor de serviços.
Mudança – Na avaliação do líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), os governos Lula e Dilma mudaram a cultura da negociação salarial, com a implantação de uma política que garantiu ganho real para o salário mínimo. “O ganho real, além da inflação do período, passou a ser uma espécie de obrigação do empregador”, afirmou Vicentinho.
O líder do PT exemplificou essa mudança, dos governos Lula e Dilma na forma de negociar e garantir direitos para os trabalhadores, citando que foi preso e cassado na Ditadura Militar por discordar da política salarial do governo Figueiredo. “Fui preso e cassado por lutar contra a determinação do presidente Figueiredo de que os trabalhadores brasileiros só poderiam receber correção salarial equivalente a 80% da inflação do período”, explicou.
Vicentinho disse ainda que as dificuldades para os trabalhadores continuaram nos governos Fernando Henrique Cardoso. “Na gestão FHC a nossa luta era para não retroceder, para assegurar pelo menos as nossas conquistas”.
O deputado Francisco Chagas (PT-SP), integrante da Comissão de Trabalho da Câmara, também comentou os números positivos da negociação salarial. “Isso tem sido possível porque os governos Lula e Dilma optaram por uma política econômica consistente e sustentável”. Chagas acrescentou que foi essa opção de crescimento com geração de emprego e renda que sustentou o País durante a crise financeira internacional. “Foram mantidos os postos de trabalho e a distribuição de renda, e a inflação ficou controlada. Tudo isso criou um ambiente que permitiu o ganho real para o trabalhador”, avaliou.
Números – Na indústria, os ganhos reais na faixa 2,01% e 3% atingiram 19,4% das negociações e, no topo, na faixa entre 4,01% e 5%, estão apenas 2,1% dos empregados.
No comércio, em 46 acordos foram constatados 95,7% de ganhos reais; 2,2% de salários mantidos em taxa iguais ao do INPC; 2,2% abaixo da inflação e aumento real médio de 1,57%.
No setor de serviços foram estudadas 138 negociações coletivas de trabalho, em que se verificou que o percentual de reajustes acima do INPC, em 93% dos casos, igualou-se a 2012, ano considerado como o melhor da série desde 2008. O aumento real médio, no entanto ficou abaixo daquele período, em 1,57% ante 2,05%.
Vânia Rodrigues com Agência Brasil