Com apoio até de eleitores de Bolsonaro, medida é capaz de reduzir a desigualdade tributária e a polarização política no país
A proposta do governo Lula de isentar do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil é apoiada por 75% da população, de acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira (11) pelo instituto Genial/Quaest. A iniciativa, parte de um pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reflete um dos principais compromissos de campanha do presidente. O levantamento ainda revela que o apoio é transversal, abrangendo diferentes faixas de renda e espectros políticos, incluindo 77% dos eleitores de Jair Bolsonaro em 2022.
A medida visa aumentar a justiça tributária no país, proporcionando alívio financeiro a milhões de brasileiros. Atualmente, estão isentos apenas os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.640). Com a aprovação da nova faixa, a isenção beneficiará um número consideravelmente maior de pessoas. O apoio popular reflete o reconhecimento de que propostas como essa podem fazer uma grande diferença na vida da população.
Em postagem nas redes sociais, o ex-ministro da Saúde e senador (PT/PE) Humberto Costa compartilha a manchete de um grande jornal e lembra que “o governo Lula segue antenado com as demandas da população: baixar imposto de quem já paga muito e subir o imposto de quem paga pouco”.
O governo Lula segue antenado com as demandas da população: baixar imposto de quem já paga muito e subir o imposto de quem paga pouco. 👇 pic.twitter.com/OokMzLBgpU
— Humberto Costa (@senadorhumberto) December 11, 2024
Resposta à desigualdade
É importante entender que a proposta de isenção de IR é uma resposta a um grande desafio da administração pública no Brasil: a desigualdade fiscal. O país tem um sistema tributário cuja carga ainda recai de forma mais pesada sobre as classes média e baixa, e a medida visa corrigir esse desequilíbrio.
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O projeto ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional, onde deve passar por discussões e negociações. Fernando Haddad garante que ele é viável dentro de uma reestruturação fiscal que inclui o corte de despesas e a criação de novas fontes de receita, anunciada em 28 de novembro. O ministro lembra que o ajuste visa beneficiar a maior parte da população sem comprometer o equilíbrio orçamentário.
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Apesar da aprovação da população, a isenção não agrada o topo da pirâmide social brasileira, que não depende de ajuda governamental e questiona sua sustentabilidade fiscal. Em outro levantamento realizado pelo mesmo instituto, semana passada, com cerca de 100 agentes, gestores e economistas, 85% disseram que o projeto “prejudicaria o país”.
Impacto positivo
A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 8.598 pessoas entre 4 e 9 de dezembro, em 120 municípios. A margem de erro é de 1 ponto percentual. Além dos 75% de aprovação geral, os dados apontam que 82% dos eleitores com renda superior a cinco salários mínimos também apoiam a isenção, enquanto entre aqueles que ganham até dois salários mínimos, o índice é de 68%. Entre os entrevistados, 61% acreditam que a medida beneficiará diretamente eles ou suas famílias.
A pesquisa chama atenção para a aprovação de 77% entre eleitores de Bolsonaro. Entre os de Lula, o percentual é de 75%. O dado sugere que medidas em torno de questões econômicas importantes podem ajudar a reduzir a polarização política, que explodiu no país desde o processo golpista que levou à deposição de Dilma Rousseff da presidência, em 2016.
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Agora a população espera que os trâmites corram com celeridade e a isenção seja implementada rapidamente. Uma vez aprovada, a proposta pode se tornar um dos marcos da 3a gestão Lula, reafirmando o compromisso do governo com a justiça social e o bem-estar da população.
PTNacional