Turistas, empresários, religiosos, escritores, produtores de vídeo, servidores, pais e mães, mulheres grávidas, crianças de colo: brasileiros. Mais de mil deles. A Operação Voltando em Paz, para repatriar cidadãos da zona de conflito no Oriente Médio, atingiu nesta quarta-feira (18/10) o patamar de 1.135 brasileiros atendidos em voos da Força Aérea Brasileira.
O KC-30 decolou de Tel Aviv, em Israel, às 18h40 (horário local), com destino ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A previsão é de que chegue às 0h20 desta quinta, 19/10. A bordo, 219 passageiros. Com isso, desde a chegada do primeiro voo da operação, na quarta-feira, 11 de outubro, são 1.135 brasileiros repatriados e 24 pets.
“Saímos de Tel Aviv debaixo de mísseis e chegamos ao Brasil com aplausos. A nossa esperança é olhar para o céu e saber que não cairão bombas”, resumiu o escritor e empresário brasiliense Fabrício Ramon Lopes, ao desembarcar no primeiro dos voos de repatriação.
“Resgataram a gente numa situação muito vulnerável. Era tudo o que a gente estava precisando neste momento. Muito orgulho de ser brasileira”, afirmou Ilana Zeigerman, que desembarcou em um voos que chegou ao Galeão, no Rio de Janeiro.
AGILIDADE – No mesmo dia em que houve o ataque terrorista a Israel que desencadeou a mais recente escalada de violência na região, no dia 7 de outubro, o Governo Federal criou um gabinete de crise.
As embaixadas do Brasil em Tel Aviv (Israel), Cairo (Egito) e o Escritório de Representação em Ramala (na Palestina) foram acionados. Um formulário online ajudou a identificar os brasileiros em situação de dificuldade. Requisitos de prioridade para brasileiros sem passagens, não residentes, gestantes, idosos, mulheres e crianças foram adotados.
Embaixador do Brasil em Israel, Fred Meyer explicou que toda a equipe fica mobilizada 24 horas para garantir que todos os brasileiros que tenham interesse em voltar sejam transportados. “Todos os que quiserem sair, sairão. Essa é a ordem do presidente Lula”, resumiu Meyer.
A Força Aérea Brasileira foi mobilizada e designou quatro aeronaves, inclusive um avião presidencial, para as ações de resgate. O Governo Federal também garantiu transporte de ônibus das principais cidades israelenses para o aeroporto de Tel Aviv. Já houve desembarques em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.
GAZA – A representação brasileira em Ramala providenciou a retirada de brasileiros das regiões mais tensas do conflito, articulou com autoridades de Israel e dos palestinos o transporte com segurança, hospedou o grupo em casas e apartamentos próximos à fronteira e devidamente notificados às autoridades para evitar bombardeios, garante suporte psicológico, alimentação e medicamentos, e aguarda a possibilidade de cruzamento da fronteira para repatriar os brasileiros num avião VC-2, da Presidência da República, que já está no Egito.
“O que estamos implementando é a proteção de nacionais brasileiros no exterior. Isso se desdobra em duas vertentes. Primeiro, proteção para que sejam retirados da zona de conflito, o que já fizemos. A segunda vertente é proteger os brasileiros da crise humanitária que está assolando Gaza”, explicou o embaixador Alessandro Candeas, responsável pelo escritório da Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia.
AJUDA HUMANITÁRIA – Paralelamente aos resgates, o Governo Brasileiro também aproveitou os voos de deslocamento para buscar brasileiros para enviar à zona de conflito 40 purificadores de água e kits médicos. O pacote chegou nesta quarta-feira ao Aeroporto de Al-Arish, a 50km da fronteira com Gaza. O deslocamento final e a entrega dos insumos ficam sob responsabilidade da entidade Crescente Vermelho, que atua na região.
UNIDOS – O processo envolve muita gente. Desde servidores do Ministério da Agricultura, que ajudaram a facilitar o embarque de cachorros e gatos em condições especiais, até servidores do Itamaraty e ministros, como Mauro Vieira (Relações Exteriores), o assessor internacional especial (Celso Amorim) e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As conversas são essenciais para ajustar o cruzamento de fronteiras em segurança, o uso do espaço aéreo dos países da região e a negociação para a abertura de fronteiras para os brasileiros em Gaza possam ser resgatados e trazidos ao país.
Lula, por exemplo, conversou por telefone, em menos de uma semana, com o presidente de Israel (Isaac Herzog), com o presidente da Autoridade Palestina (Mahmoud Abbas), com o presidente do Egito (Abdel Fattah al-Sissi), com o presidente da Turquia (Recep Erdogan), com o presidente do Irã (Ebrahim Raisi) e com o presidente do Conselho Europeu (Charles Michel).
SAÚDE FÍSICA E MENTAL – As tripulações dos voos de repatriação também contam com equipes de médicos, enfermeiros e psicólogos, para garantir que todos os passageiros tenham acompanhamento tanto para questões de saúde física quanto para a saúde mental.
Por site do Planalto
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