Foto: Gustavo Bezerra
A proximidade das manifestações convocadas pelo autoproclamado pomposamente Movimento Brasil Livre- MBL acirrou tremendamente nas redes sociais e nos meios de comunicação de massa a presença dos seus incautos integrantes, bradando os mais fantasmagóricos e delirantes subterfúgios, na tentativa de arregimentar séquitos para as suas sanhas golpistas.
Os argumentos trazidos a lume aos borbotões estão eivados pela velha estratégia da disseminação do ódio da abastada, inculta, impiedosa e obscura elite brasileira. A estratégia da indispensabilidade do ódio na política da elite brasileira, requentada pelo tal MBL (versão moderna da TFP – Tradição Família e Propriedade dos anos 60), remonta os idos do Brasil Imperial, como notavelmente registra o clássico “Conciliação e Reforma no Brasil”, do renomado historiador José Honório Rodrigues. Transcrevemos:
“Os liberais no império, derrotados nas urnas e afastados do poder, foram se tornando além de indignados, intolerantes; construíram uma concepção conspiratória da história que considerava indispensável à intervenção do ódio, da intriga, da impiedade, do ressentimento, da intolerância, da intransigência, da indignação para o sucesso inesperado e imprevisto de suas forças minoritárias”.
É evidente e mal dissimulada a essência fascista de tal movimento. Nas falas e nas manifestações são presentes e são recorrentes os elementos fascistas da demonização da política, do culto da ação pela ação, do descrédito nos partidos políticos e nas instituições democráticas de Estado, no desprezo à atividade e à reflexão intelectual, na ojeriza aos pobres, na xenofobia, no machismo, na homofobia, no racismo, na inveja e no medo do inimigo.
O genial Humberto Eco discorreu sobre esse fascismo eterno: “tais características não podem ser enquadradas em um sistema, muitos se contradizem uns aos outros, e são típicos de outras formas de despotismo ou fanatismo, mas basta que uma delas esteja presente para fazer coagular uma nuvem fascista”.
Por isso, é hora de varrer a nuvem fascista que se avizinha no horizonte, reafirmando a democracia como valor universal, como conquista inalienável do povo brasileiro e único caminho possível para o avanço das conquistas sociais, o combate tenaz à corrupção e à eliminação das abissais desigualdades ainda existentes em nossa sociedade.
* Deputado federal pelo PT – Alagoas