Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revelam que o Pantanal mato-grossense – desde o início do ano até sábado (21) -, já havia perdido 261.800 hectares para o fogo. De acordo com o estudo, a área atingida pelas queimadas é praticamente a mesma destruída pelo fogo no mesmo período do ano passado. Em 2020, a tragédia ambiental alcançou 265.300 hectares
Ao avaliar a situação calamitosa desenhada, a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), coordenadora da Comissão Externa da Câmara destinada a acompanhar e promover estratégia nacional de enfrentamento às queimadas em biomas brasileiros, disse que foi produzido um relatório de mais de 300 páginas sobre os incêndios que destruíram parte do Pantanal mato-grossense. Nesse relatório, explicou a parlamentar, foi apontado toda destruição e foram feitas todas as recomendações.
“Os governos dos dois estados (MT e MS) se movimentaram um pouco, adquiriram caminhões pipa, treinaram mais brigadas. Algumas coisas do que estava recomendado foi feito, muita coisa não, e o governo federal não se apresentou”, criticou.
Rosa Neide destacou que existem parques nacionais dentro da área do pantanal e não teve ação governamental, não teve mais recursos para os estados e municípios. “Não teve projeto de sustentabilidade para os ribeirinhos, para os pantaneiros que tem mais dificuldade, não teve projeto de implementar uma economia à disposição daqueles que cuidam do pantanal e também daqueles que economicamente sobrevivem do pantanal”, denunciou a deputada.
Segundo a parlamentar, o fogo já avança dentro da maior planície alagável do mundo, principalmente no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Rosa Neide contou ainda que alguns focos de incêndios já são detectados no Pantanal do Mato grosso.
“Estamos aqui no estado observando de forma muito próxima e com extrema preocupação o que está acontecendo. Mato Grosso tem alguns focos, os bombeiros estão atentos e estão conseguindo controlar, mas a preocupação é enorme com as possibilidades de novos incêndios e com a condição de vida no Pantanal muito precária”, contou.
Situação dramática
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) acompanhou de perto a tragédia ambiental que ocorreu no ano passado no Pantanal. Ele avalia que nesses incêndios devem ocorrer a mesma situação dramática que se verificou no ano passado.
“Como já prevíamos e como recomendamos – inclusive durante os trabalhos da comissão -, que o governo federal e os governos do Mato Grossos e Mato Grosso do Sul se organizassem para enfrentar as queimadas desse ano, e como não feito, nós acionamos a justiça para chamar a responsabilidade tanto do governo federal como dos governos estaduais. Esperamos que o Judiciário leve a cabo a responsabilização do Poder Público”, afirmou Tatto.
O deputado acredita que, assim como nos incêndios que destruíram fauna e flora do bioma no ano passado, as queimadas deste ano também podem ser criminosas. “No âmbito da comissão ficou demonstrado que mais de 90% dos focos foram criminosos no ano passado no Pantanal e acredito que neste ano também o fogo está correndo de forma criminosa”, acusou o parlamentar paulista.
Segundo Nilto Tatto, não há dúvida da existência de uma ação orquestrada com fins perversos ao meio ambiente. “Então, isso mostra claramente que há uma ação coordenada e uma ação política proposital de incentivar as queimadas para a ampliação do agronegócio expansionista, para a produção de commodities para a exportação”, denunciou.
Benildes Rodrigues, com informações da FSP