Suspeitos do 8 de janeiro #1: André Fernandes, o incitador

Tuítes do deputado convocando para o dia 8 e, depois, apoiando o ataque Foto: Reprodução

Pode um parlamentar incitar e comemorar um ataque aos Três Poderes e, depois, propor uma comissão de inquérito para investigar o crime que ele mesmo estimulou e celebrou? O deputado federal André Fernandes (PL-CE) prova que sim.

Fernandes é autor do requerimento que deu origem à CPMI do Golpe, instalada em 25 de maio, e acabou indicado por seu partido para ser membro da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Ele, no entanto, nunca deveria fazer parte das investigações. Afinal, é um dos suspeitos, já sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

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O pedido ocorreu porque, em 6 de janeiro, dois dias antes da tentativa de golpe de Estado, Fernandes publicou no Twitter uma convocação para um “ato contra o governo Lula”. “Estaremos lá”, acrescentou. Já no dia 8, publicou a foto da porta de um armário com o nome do ministro do STF Alexandre de Moraes arrancada e escreveu: “Quem rir, vai preso”. 

André Fernandes ainda tentou apagar a postagem, mas os prints já estavam feitos (veja na imagem acima). Durante a investigação, a Polícia Federal concluiu que ele incitou os atos golpistas e que“coadunou com a depredação do patrimônio público”. No último 4 de abril, o STF prorrogou o inquérito por mais 60 dias. 

Ligação com preso no dia 8

O cearense é um dos 11 deputados federais que, eleitos em 2022, ainda não tinham tomado posse quando foram flagrados incitando o atentado de 8 de janeiro e acabaram sofrendo uma ação que defendia a perda de seus mandatos. 

Os outros nomes nessa situação eram: Nikolas Ferreira (PL-MG), Silvia Waiãpi (PL-AP), Carlos Jordy (PL-RJ), Luiz Ovando (PP-MS), Marcos Pollon (PL-MS), Rodolfo Nogueira (PL-MS), João Henrique Catan (PL-MS), Rafael Tavares (PRTB- MS), André Fernandes (PL-CE), Sargento Rodrigues (PL-MG) e Walber Virgolino (PL-PB).

Além de incitar o golpe frustrado, André Fernandes tirou selfie em um dos acampamentos golpistas e tem relação com um dos presos durante o ataque, Wenderson Luiz Brandão Barros. Segundo o Diário do Nordeste, Barros foi contratado pelo deputado para “serviços gerais” nas eleições do ano passado.

A culpa do deputado e de vários outros bolsonaristas é tão evidente que só restava a essa turma propor uma CPMI para tentar, com as mentiras que adoram contar, inventar a versão tosca de que o culpado, no fim das contas, é o governo Lula. Sim, parece inacreditável, mas é isso que eles tentam fazer.

Microfone quebrado e vergonha

“Fiel a Bolsonaro” como ele mesmo já escreveu nas redes sociais, André Fernandes é um típico representante da extrema direita. Após gravar vários vídeos em que repetia o discurso conservador e de ódio propagado por Jair Bolsonaro, tornou-se conhecido no YouTube e acabou eleito deputado estadual, em 2018, e federal, em 2022.

No Congresso, nos primeiros meses de mandato, além da façanha de propor a CPMI na qual deve ser investigado, já quebrou um dos microfones do Plenário durante um discurso em que se mostrou descontrolado e passou vergonha ao confrontar o ministro da Justiça, Flávio Dino.

Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ele disse que Dino teria contra si 270 processos. Como fonte, citou o site Jusbrasil. “Pesquisar processos no Jusbrasil se insere no mesmo continente mental de quem acha que a Terra é plana”, respondeu o ministro, que não responde a nem um processo, muito menos 270.

PTNacional

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