PSDB dá tiro no pé ao insistir em explorar crise da Venezuela, avaliam petistas

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Convidada – e confirmada – para audiência pública na Câmara, na manhã desta quarta-feira (28), sobre a crise política na Venezuela, Maria Corina Machado, a ex-deputada do Congresso Nacional venezuelano, avisou apenas na véspera que não poderia comparecer à atividade da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), presidida pelo deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG). A ex-parlamentar, cassada por se credenciar na Assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA) pela delegação do Panamá, país considerado hostil pelo governo venezuelano, alegou motivos de segurança pessoal para declinar o convite.

Parlamentares do PT criticaram a ausência de Maria Corina e a estratégia dos tucanos em tentar explorar politicamente a crise da Venezuela. “Parece que ela só quer palanque. Quando ela foi convidada para fazer o debate de ideias, ela se negou e se omitiu”, lamentou o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), mencionando a visita da ex-deputada ao Congresso Nacional, em abril, quando foi tratada como heroína pela oposição conservadora brasileira e com ela desfilou pelos plenários da Câmara e Senado.

Sem Corina, a audiência pública contou com a participação da jornalista venezuelana Vanessa Silva – do canal de TV Globovisión, opositor ao governo – e os pesquisadores Gilberto Maringoni, autor de dois livros sobre a Venezuela na última década, e Igor Fuser, especialista em Relações Internacionais. Enquanto a venezuelana criticou genericamente as gestões de Hugo Chavez e de Nicolas Maduro, Maringoni e Fuser apresentaram informações sobre o processo histórico e sobre a crise atual no país vizinho, bem como denunciaram a “manipulação” da mídia brasileira na cobertura do tema.

“A oposição venezuelana tem mais espaço na mídia lá do que o governo federal brasileiro tem na mídia aqui”, disse Fuser.

Pellegrino criticou ainda a radicalização de parte da oposição venezuelana e a tentativa de ruptura da democracia. “A disputa é legítima na democracia, mas na Venezuela há setores da oposição que não estão dispostos a fazer a disputa política nas regras da democracia e resolveram tentar romper a ordem constitucional, como romperam em 2002. E este setor, montado num esquema gigantesco de mídia internacional, quer vender a ideia de que há uma ditadura na Venezuela. Se a oposição discorda do programa de governo na Venezuela, que se organize e dispute eleições para vencer e mudar esse programa”, argumentou o parlamentar baiano.

Também nesta quarta-feira, no período da tarde, a CREDN realizou mais uma audiência pública, a terceira em oito dias para tratar da questão venezuelana. O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, foi convidado para falar sobre “o papel do Brasil nesse processo”, tendo contra si a acusação de ser o verdadeiro comandante da política externa brasileira. Garcia foi enfático, e ao mesmo tempo sereno, na refutação – sem contestação de qualquer parlamentar – das acusações que partem dos veículos mais conservadores da grande mídia brasileira e são reproduzidas por tucanos e seus porta-vozes.

“Está demonstrado claramente que o PSDB busca ideologizar a Comissão de Relações Exteriores, apresentando uma crise de um governo supostamente autoritário, mas está sendo desmentido a todo momento”, resumiu o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

Para o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), o PSDB tem dado “vários tiros no pé e pode acabar acertando o próprio coração” na insistência de trazer à pauta o debate da Venezuela. “Ao usarem fontes totalmente parciais, que distorcem a realidade da Venezuela, como Veja, Folha de São Paulo, Globo e Estadão, eles desqualificam e rebaixam o nível do debate. No fundo, eles querem fazer o debate ideológico com o PT e usam a Venezuela como instrumento para isso”, denuncia Rosinha.

Argentina – Durante a crise econômica e política de dezembro de 2001, a Argentina se viu obrigada a renegociar sua dívida junto aos credores internacionais e obteve êxito com relação a mais de 90% do valor total devido. Os poucos credores que se negaram a renegociar o débito acionaram o País nos tribunais e a disputa se arrasta até hoje. A grande mídia brasileira chama o caso de “calote”, embora instituições multilaterais, os governos de países como México, França e até mesmo órgãos do governo dos Estados Unidos apoiem a posição argentina. A obrigação do pagamento integral das dívidas inviabilizaria completamente a economia do País e geraria um clima de insegurança jurídica em escala planetária para esse tipo de situação.

Pois a Comissão de Relações Exteriores, praticamente tomando partido dos credores, abordou o caso na mesma atividade na qual teve Marco Aurélio Garcia como convidado. O objetivo era discutir “a respeito do ingresso do Brasil na Suprema Corte dos Estados Unidos, para apoiar a Argentina na causa em que o país é processado por 14 credores da dívida remanescente do calote de 2001”, conforme se lê na pauta da audiência pública.

Como ocorreu no caso da Venezuela, a ânsia tucana por atacar o governo se revelou mais um tiro no pé. O convidado da comissão, o jornalista argentino Marcelo Falak, editor da publicação econômica Âmbito Financeiro, não apenas demonstrou com todos os dados e informações que a renegociação obtida pela Argentina foi legítima e justa, como também revelou que todos os pré-candidatos à presidência do nosso vizinho – as eleições ocorrerão em 2015 – acreditam na reeleição certa da presidenta Dilma Rousseff, em declaração que deixou visivelmente constrangida a plateia majoritariamente tucana na comissão.

Rogério Tomaz Jr.

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