Por incompetência de Bolsonaro, Brasil continua sem plano de vacinação contra a Covid-19, denunciam petistas

Em discursos feitos no plenário virtual da Câmara, parlamentares da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara denunciaram a incompetência e a irresponsabilidade do governo Bolsonaro na condução do enfrentamento à pandemia de Covid-19. Segundo eles, o governo do capitão-presidente coloca o País em risco sanitário e em situação vexatória ao apresentar um plano de vacinação contra a Covid-19 totalmente vazio, já que não aponta quais vacinas serão utilizadas e nem o período inicial e final para a aplicação do programa de imunização da população.

“O Governo brasileiro enviou ao Supremo Tribunal Federal aquilo que foi apelidado de “plano de vacinação”. No máximo, é uma tabela incompleta, visto que o relator da matéria, ministro Lewandowski, deu um prazo de 48 horas para que o Governo diga quando começa, quando termina, dentre outros elementos próprios, pelo menos, de um programa de vacinação”, criticou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Falsificação de assinaturas

O deputado classificou o governo federal de omisso, incompetente e irresponsável e denunciou que, ao utilizar nomes de especialistas e pesquisadores para dar credibilidade ao programa de vacinação, sem que eles tivessem participado da elaboração do documento, o Executivo cometeu uma falta grave. .

“Eles (os 36 especialistas) participaram de reunião on-line. Foi apresentado um plano e, depois, enviaram como se todos estivessem de acordo. Profunda falta ética, de um lado, que já é muito grave; e, de outro, tentaram passar uma impressão para o Supremo de que aquilo ali tinha respaldo científico”, criticou.

Politização

Arlindo Chinaglia alertou para a politização que o governo vem fazendo em relação às vacinas produzidas na China e na Europa. Ele chamou a atenção para o fato de o governo ter apostado em uma única vacina, a desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca.

“O Brasil hoje não tem condições de aplicar uma única vacina, seja porque aquela que escolheu não chega, seja porque o Brasil praticamente abriu mão de todas as outras”, lamentou.

“Se o Governo brasileiro continuar com a loucura de tentar atingir a Europa, China e, daqui a pouco, os Estados Unidos, quando Biden assumir, evidentemente que nós não teremos capacidade, porque o mercado não vai fornecer para o Brasil. Portanto, neste momento, não sabemos nem quando começa, nem qual vacina vai ser aplicada e muito menos se teremos vacina em número suficiente para o Brasil”, disse Chinaglia.

Plano fake

Para o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) o governo apresentou um plano frágil e inconsistente. “Por mais surreal e inacreditável que possa parecer, um plano com assinaturas falsas, um plano que tem fake news de validação de cientistas e pesquisadores, que não foram nem consultados. O plano é frágil, é equivocado. E há razões para isso”, observou.

O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) partilha da mesma opinião. Para ele, “transformaram o que deveria ser um plano nacional de imunização em um plano fake news, e demonstraram que não há vacina suficiente, que esse pseudoplano só trata de 51,4 milhões de brasileiros”.

Na opinião do deputado baiano, os cientistas estão em uma situação vexatória, estão constrangidos, porque seus nomes constam em um documento que sequer eles validaram. “Eles (Bolsonaro e o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello) queriam a chancela das boas cabeças que nós temos em saúde pública. Entretanto, a falta de caráter, a falta de encaminhamento, de acordo com a ciência, que está dentro do Ministério da Saúde, em que o ministro é tão somente uma fake news”, assinalou Joseildo.

Falta de diálogo

Zeca Dirceu reclamou da falta de diálogo do governo federal – em especial o Ministério da Saúde — com os entes federados. “Eles não ouvem, não dialogam com os municípios. Os municípios não participaram da elaboração do plano, e são eles que executam toda a política de vacinação do nosso país há décadas”, criticou Zeca Dirceu. Para ele, essa é a prova da incompetência, da irresponsabilidade e da insanidade de Bolsonaro.

O deputado Valmir Assunção (PT-BA) também reclamou da falta de diálogo dos entes da Federação com o governo federal. Segundo o parlamentar, enquanto países como Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, México, Argentina, Venezuela e Chile estão na frente para imunizar a sua população, o governo brasileiro não centraliza o processo e nem debate o tema com os municípios e os governadores e tampouco cria estratégia para vacinar o povo brasileiro.

“O governo Bolsonaro é uma tragédia para o povo brasileiro. Nós, enquanto deputados federais, temos que tomar providência sobre isso. Nós tomamos providência com relação à pandemia. Se não fosse a Câmara dos Deputados, a população estava entregue à sua própria sorte”, lembrou Valmir Assunção, ao se referir a várias medidas aprovadas pelo parlamento, entre elas o auxílio emergencial.

Mobilização

O deputado Zeca Dirceu disse que o Brasil vai continuar no “fim da fila”, caso o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o povo brasileiro não continuarem mobilizados contra as ações praticadas por Bolsonaro. “Então, eu quero, mais uma vez, apelar para que estejamos atentos a essa questão da vacinação, para que o Brasil retome e recupere o tempo perdido, e que o Congresso faça valer a sua força”, disse.

Necropolítica

Ao se pronunciar, a deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que o Brasil passa por um momento em que predominam a “necropolitica” e “mercadorização” da vida. “Nós estamos vivenciando no País uma necropolítica que cada dia fica mais clara. Mas não é só uma necropolítica, é também uma mercadorização da vida. É como se você tivesse um processo de captura do mercado, dos corpos, da vida, da própria saúde”, lamentou.

Segundo a parlamentar, o Brasil carrega “na pele, na alma” as mais de 181 mil mortes por Covid-19 pela incompetência do governo Bolsonaro. Erika disse ainda que no plano de imunização apresentado pelo governo, além de não estabelecer prazos, também deixou de fora parcelas da sociedade que precisam ser imunizadas.
“Por exemplo, as pessoas com deficiência não são colocadas como prioridade neste plano de vacinação, assim como a população carcerária, que — sabemos — é vulnerável no que diz respeito às doenças infectocontagiosas”, lembrou.

Pseudocronograma

Para Erika a necropolítica está presente na atitude do capitão-presidente que, ao colocar assinaturas no “arremedo de plano apresentado (ao STF)”, desrespeitou a população,com a apropriação de assinaturas de pessoas que não firmaram o documento e nem “conheceram este pseudocronograma”.

Benildes Rodrigues

 

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