Petistas cobram investigação rigorosa sobre denúncia de envolvimento de Bolsonaro com milicianos do Rio de Janeiro

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara exigiram neste fim de semana, em mensagens postadas no Twitter, a apuração rigorosa, pelo Congresso Nacional e Procuradoria-Geral da república, de denúncia de possíveis contatos de milicianos do Rio de Janeiro com o presidente ultradireitista Jair Bolsonaro.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR, lembrou as relações antigas da família Bolsonaro com pessoas ligadas a milícias do Rio de Janeiro e pediu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a denúncia, publicada pelo site The Intercept Brasil.

“Miliciano condecorado por Flávio Bolsonaro, que também empregou sua mãe e ex-mulher, foi chamado de herói por Bolsonaro após morte. Agora escutas sugerem que amigos dele contataram Bolsonaro, e Ministério Público do Rio não pode mais investigar. CPI urgente, o crime está governando o Brasil”, afirmou a presidenta do PT.

O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS), também pediu a elucidação da denúncia. Ele lembrou que “coincidências” sobre o caso da morte do capitão Adriano da Nóbrega podem ter ligação com esse caso.

“Luiz Carlos Martins, o “Orelha”, braço direito de Adriano de Nóbrega (miliciano chefe do Escritório do Crime, homenageado pelos Bolsonaro), foi assassinado dois dias antes de o MP do Rio deflagrar a Operação Gárgula, que tentava prender pessoas ligadas a… Adriano. Coincidência?”, pontuou. E indagou: “E então, a pergunta do dia: Quem é o cara da casa de vidro?”.

Presidente suspeito

Reportagem do site The Intercept Brasil publicada no sábado (24) revela que diálogos de grampos telefônicos da investigação contra Adriano da Nóbrega – chefe do grupo miliciano Escritório do Crime, com atuação no Rio de Janeiro – apontam que integrantes da organização teriam entrado em contato com o presidente Jair Bolsonaro, logo após a morte do chefe do grupo criminoso.

Grupo criminoso

Segundo a reportagem, os cúmplices de Adriano da Nóbrega afirmaram que fizeram contato com “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e o “cara da casa de vidro”. O The Intercept Brasil informou que as conversas fazem parte de um relatório da Subsecretária de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio elaborado a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo País.

De acordo com a reportagem do The Intercept Brasil, fontes do Ministério Público do Rio de Janeiro ouvidos anonimamente afirmam que as circunstâncias permitem concluir que as referências cifradas correspondem ao presidente Jair Bolsonaro. O “cara da casa de vidro”, segundo a matéria, seria uma referência aos palácios do Planalto – sede do Executivo federal -, e da Alvorada – a residência oficial do presidente -, ambos com fachada inteiramente de vidro.

Segundo o The Intercept Brasil, após verificar as citações o Ministério Público do Rio de Janeiro pediu que a Justiça encerrasse as escutas dos envolvidos nas conversas, apesar de eles seguirem trocando informações sobre as atividades ilegais de Adriano da Nóbrega. A interrupção, segundo o site, reforça a ideia de que os milicianos se referiam mesmo ao presidente da República. Nesse caso, segundo a legislação, o MP estadual não teria a prerrogativa de investigar Jair Bolsonaro.

Outras conexões

Parlamentares petistas também levantaram a hipótese de que a investigação do possível contato entre milicianos e Jair Bolsonaro possa vir a esclarecer a fuga, e a rede de proteção, que manteve o chefe do Escritório do Crime foragido durante vários meses, até ser morto em um confronto com a Polícia Militar no interior da Bahia.

A deputada Natália Bonavides (PT-RN) escreveu que “não restam dúvidas do envolvimento do clã Bolsonaro com as milícias”. Segundo ela, o “teto de vidro” da família do presidente “já quebrou e quem está pagando a conta é o povo”. “Impeachment já!”, exigiu.

“O material obtido pelo The Intercept Brasil indica que Bolsonaro pode ter mantido contato com os milicianos que ajudaram a manter o chefe do escritório do crime escondido. Talvez isso explique por que (General) Heleno (ministro chefe do Gabinete da Segurança Institucional da Presidência da República) fez ameaças à nação quando se cogitou apreender o celular do presidente”, concluiu Bonavides.

Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) ironizou a pretensa “honestidade” atribuída à família Bolsonaro por seus seguidores. “Foram “varrer” a corrupção e colocaram a milícia no Palácio do Planalto. O crime organizado está vestindo a faixa presidencial”, disse. Segundo ela, “é urgente que a Procuradoria Geral da República investigue se Bolsonaro e família ajudaram o chefe do Escritório do Crime a fugir e se esconder. O Brasil exige!”.

Leia abaixo outras mensagens de parlamentares petistas sobre o caso:

Deputado Afonso Florence (PT-BA) – “A possível citação ao presidente Bolsonaro nos diálogos entre milicianos, grampeados pelo MPRJ no contexto da morte de Adriano Nóbrega, tem que ser esclarecida. Se o MP do Rio não investiga por que é o presidente, a PGR ou o STF tem que fazê-lo”.

Deputada Maria do Rosário (PT-RS) – “Só estou aqui pensando: Quem é o ‘cara da casa de vidro’? Este nosso país ainda terá muitas revelações, e nós nos assustamos sim com o grau de quebra da institucionalidade democrática”.

Deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) – “Até quando a Rede Globo vai ignorar que Jair Bolsonaro é um Chefe de Milicia, como já denunciava o (Fernando) Haddad em 2018?!”.
Deputado Paulo Teixeira (PT-SP) – “Adriano, chefe do escritório do crime, conversava com um certo “Jair” “da casa de vidro” e “presidente”. Quem seria esse personagem?”.

Deputado Nilto Tatto (PT-SP) – “MP-RJ descobre novas ligações de Bolsonaro com milicianos”.

Deputado Carlos Zarattini (PT-SP) – “Mais uma evidência do envolvimento de Bolsonaro com as milícias. Isso precisa ser investigado”.

Deputado Waldenor Pereira (PT-BA) – “Lembram daquela marchinha de carnaval que virou hit em 2019, “Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano”? Pois é”.

Deputado Zeca Dirceu (PT-PR) – “Que o ‘cara da casa de vidro’ compactua com a milícia, isso nós já sabemos faz tempo. Da mesma forma que conhecemos a sua índole podre ao posar em uma foto com a placa ‘CPF cancelado’, típico de um próprio chefe de milícia”.

Também divulgaram a reportagem do The Intercept Brasil os deputados petistas Henrique Fontana (RS), Paulo Pimenta (RS), Paulão (AL), José Guimarães (CE), Airton Faleiro (PA), Patrus Ananias (MG) e Rogério Correia (MG).

Héber Carvalho

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