A fase final das escavações em busca de ossadas da Guerrilha do Araguaia é fiscalizada por um Comitê Especial criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As escavações serão feitas em dez pontos da região e devem durar dois meses.
Pedro Wilson, que integra a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos da Câmara, anunciou que a CDH vai debater a extensão das investigações para outros locais. O deputado cita, por exemplo, o assassinato de um casal em Rio Verde, Goiás. Os corpos foram encontrados em uma fazenda da cidade, após a aprovação da Lei de Anistia.
Para o deputado, as investigações devem ser ampliadas para atender a “familiares que sofrem sem respostas” e para promover um resgate da história do País. “Com tantas dúvidas pairando e o foco na região do Araguaia, o trabalho que será desenvolvido pretende dar respostas de verdade às famílias que se manifestam no todo. Dessa forma, é importante que todos os envolvidos tenham respeito e dêem credibilidade para que as informações sejam transparentes para nossa sociedade”, disse.
Segundo Pedro Wilson, as expectativas para as buscas são grandes, mas o campo de análise sobre a guerrilha ainda está limitado. “O governo tem feito seu melhor em busca de bons resultados, mas ainda há pessoas, fontes oficiais e oficiosas, que detém de documentos importantes e secretos. Fontes que podem muito bem indicar outros locais onde podemos encontrar mais corpos”, disse.
A ex-presidente do Conselho Estadual da Pessoa Humana (Condep) de São Paulo, Rose Nogueira, elogiou a proposta de ampliação das buscas. Rose esteve presente na abertura da vala clandestina que revelou centenas de corpos no Cemitério dos Perus, hoje memorial de mortos e desaparecidos da época. “A história é bem maior do que se fala. Mesmo no Araguaia, existe a Aeronáutica e policiais civis envolvidos. Muita gente foi jogada ao mar e me lembro até de legistas que davam laudos falsos. Alguns faziam os laudos verdadeiros para que o documento fosse encontrado posteriormente. Esses sumiram e até hoje a polícia os tacha como fugitivos”, declarou.
Familiares e anistiados acreditam que alguns corpos foram esquartejados e movidos dos locais onde aconteceram os crimes. O Condep se prontificou a participar das audiências e a cooperar com informações que provem a existência de ossadas em outras regiões.
Hérika Tavares, estagiária em jornalismo