Nilto Tatto: “Agromentira”

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Para ampliar áreas de cultivo e garantir a continuidade das isenções, benefícios e políticas públicas sob encomenda, ruralistas investem forte na construção de sua imagem junto à opinião pública. Além de campanhas publicitárias desenvolvidas pelos marketeiros mais caros do País, o segmento se apoia num discurso tão mentiroso quanto pegajoso: de que eles alimentam o mundo.

Usando de argumentos falaciosos, o agronegócio expansionista se permite destruir florestas; exterminar animais silvestres; envenenar o solo, o ar e as águas; dizimar populações tradicionais e ainda receber privilégios tributários inimagináveis. Tudo isso usando o falso álibi de que provê alimento para o mundo; movimenta a economia; gera empregos e conduz o País como uma locomotiva. Fosse assim, não teríamos voltado ao mapa da fome.

Para criar esta falsa narrativa, se apropriam dos dados da produção mundial de trigo, soja, milho, cevada, arroz e carne bovina, ignorando outros cultivares, dos quais efetivamente nos alimentamos. A metodologia usada é uma conta de padaria mal feita, porque também trata estas commodities como se fossem os únicos alimentos do mundo, desconsiderando o uso que se faz desses grãos (boa parte vira ração), ignorando ainda as desigualdades de consumo e dados sobre insegurança alimentar.

Outra propaganda enganosa e criminosa, é sobre o uso intensivo de agrotóxicos, responsável pela contaminação do meio ambiente e dos alimentos, levando à intoxicação e morte de pessoas e animais. Como este modelo agrícola, latifundiário de monocultura, depende do uso de venenos, passaram a adotar o discurso de que, se não fossem estas substâncias, jamais seriam capazes de produzir o suficiente para alimentar a população mundial (como se produzissem alimentos!).

As alternativas existem, mas não diferem do modelo atual de agricultura em um único aspecto: elas precisam de incentivos do Estado. As diferenças, no entanto, são muitas: a agricultura familiar, baseada na produção orgânica e livre de agrotóxicos, movimenta a economia local, gera emprego e renda, garante alimentos saudáveis e acessíveis, preserva o meio ambiente e a vida.

Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)

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