Ministra Damares implode reunião do Comitê Nacional de Combate e Prevenção à Tortura

A sociedade civil foi desrespeitada no segundo dia da reunião ordinária do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) que aconteceu na manhã desta terça-feira (10), em Brasília.

A Deputada Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra dos Direitos Humanos, condenou a atitude do governo federal. “Denúncia. Hoje Damares Alves iniciou reunião do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura sem quórum e presença da sociedade civil, em tentativa autoritária de desmontar o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Este governo é antidemocrático e não respeita direitos humanos”, escreveu a parlamentar em seu Twitter.

Em desrespeito aos procedimentos regimentais do CNPCT e sem ter ocorrido a abertura formal da reunião, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, em primeira e única aparição na reunião do Comitê do qual é presidente, iniciou a reunião sem quórum adequado, inverteu a pauta que havia sido tratada na primeira reunião e iniciou a votação do Edital de seleção dos peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura que não está finalizado e cheio de pontos controversos.

Foto: Lula Marques

Como a ministra não comparecia em nenhuma reunião, a presidência ficava a cargo da vice-presidência, que atualmente é ocupada pelo Conselho Federal da OAB. “A nossa intenção hoje era, junto com o governo, debater a questão da remuneração e debater pontos contravertidos do edital, mas a ministra colocou em votação esse edital que está cheio de pontos de destaques, cheio de palavras que não fazem sentido e que teriam que ser resolvidos agora”, denunciou Vitória Buzzi, representante da OAB.

Os doze representantes da sociedade civil integrantes do comitê se retiraram da plenária em protesto, mas Damares manteve a reunião sem quórum para votação. Estavam apenas o governo e convidados permanentes, sem direito ao voto.

De acordo com Vitória, a justiça será acionada atrás da Defensoria Pública Geral da União (DPU) contra a realização da reunião que aprovou pontos sem a presença dos representantes da sociedade civil.

Decreto 9831/19

Em Decreto (9831/19) assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, os 11 peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) seria remanejado para a estrutura do Ministério da Economia. Além disso, o decreto também exonerava os atuais ocupantes e tornava o trabalho não remunerado.

Uma liminar do Tribunal Federal ordenou a suspensão dos efeitos do Decreto 9.831 e que o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos devolva aos 11 membros suas funções preexistentes, de forma remunerada.

De acordo com um relatório de peritos do Subcomitê das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura, o governo Bolsonaro violou, com o decreto, um tratado da Organização das Nações Unidas (ONU) de combate à tortura.

Composto por 11 especialistas, o órgão foi instituído em 2013 e atua em instalações de privação de liberdade, trabalho que inclui a elaboração de relatórios e a expedição de recomendações aos órgãos competentes.

 

Estavam presentes os membros da Sociedade Civil:

Conselho Federal da OAB – Vice-Presidência

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

União Brasileira de Mulheres (UBM)

Central Única dos Trabalhadores (CUT)

SOMOS Comunicação, Saúde e Sexualidade

Coletivo de Advogados pela Democracia (COAD)

Movimento Negro Unificado (MNU)

Conselho Federal de Psicologia (CFP)

Conectas

Justiça Global

RENILA

EDUCAFRO

 

Lorena Vale

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também