Ministério Público pede afastamento de juiz da Operação Zelotes por “ineficiência”

PPimenta gustavo
 
O Ministério Público Federal (MPF) quer o afastamento do juiz Ricardo Augusto Soares Leite da 10ª Vara Federal de Brasília. Leite é o juiz da Operação Zelotes, que apura esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão responsável por julgar os autos de infração da Receita Federal.
 
Segundo a polícia, multas contra empresas somando 19 bilhões de reais tiveram o julgamento alterado pela ação de uma quadrilha que atuava junto ao órgão.
 
O MPF, no entanto, disse que não conseguirá anular a maioria dos casos, porque várias decisões judiciais dificultaram a obtenção de provas. Leite negou todos os pedidos de prisão dos investigados, suspendeu escuta telefônica e não autorizou buscas e apreensões.
 
A Procuradoria já representou contra Leite na Corregedoria do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em abril deste ano. Se nenhuma medida for adotada pela corregedoria da Corte, a Procuradoria da República no Distrito Federal vai recorrer ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
 
Juiz substituto, o magistrado está há aproximadamente dez anos no comando da 10ª Vara, especializada em julgamentos de crimes de lavagem de dinheiro.
 
Na representação à corregedoria do TRF, os procuradores relataram o que classificam como “a existência de um crônico e grave quadro de ineficiência” na atuação de Leite.
 
De acordo com o documento, o magistrado prejudicou o andamento de vários processos por demorar para tomar decisões simples e por empregar expedientes jurídicos vetados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os procuradores dão exemplos de como “a extrema morosidade” no trâmite dos processos na 10ª Vara gera “substanciais prejuízos” ao País.
 
Na Operação Vampiro, deflagrada em 2004, o STJ negou um recurso impetrado pelos réus e autorizou, em 2010, o andamento regular do processo. A ação penal só foi retomada pela 10 Vara em fevereiro de 2012.
 
A Justiça suíça bloqueou recursos nos nomes de alguns dos réus. O dinheiro não foi repatriado para o Brasil porque até hoje não há uma decisão definitiva sobre o caso.
 
Na representação ao TRF, o MPF pede que a corregedoria instaure procedimento avulso contra o juiz e uma correição extraordinária na 10ª Vara Federal. Entre as punições previstas que podem ser aplicadas ao juiz, estão advertência, remoção para outra vara e até mesmo aposentadoria compulsória.
 
Na correição extraordinária, seria feito diagnóstico completo da Vara para acelerar o andamento dos processos. Nos próximos dias, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) solicitará ao CNJ a instauração de sindicância e processo administrativo disciplinar contra o juiz. Segundo Pimenta, relator da subcomissão da Câmara criada para acompanhar a Zelotes, a atitude de Leite tem “prejudicado sobremaneira a apuração dos fatos”.
 
Em audiências realizadas na Câmara por Pimenta, delegados da Polícia Federal e procuradores da República encarregados do caso reclamaram publicamente do comportamento de Leite.
 
Frederico Paiva, procurador que coordena as investigações de fraude em julgamentos do Carf, disse que os pedidos de prisão negados por Leite eram importantes para impedir que os investigados combinassem os depoimentos realizados. “Ele [o juiz] tem um histórico de acúmulo de processos, um comportamento que chama atenção e deveria ser examinado de perto”, disse Paiva em uma das audiências públicas.
 
Foto: Gustavo Bezerra
 
 

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