Márcio Macêdo e João Daniel cobram apuração rigorosa do caso Genivaldo, morto em viatura da PRF

Genivaldo Barbosa é fechado em porta malas da PRF com gás. Créditos: Reprodução/Twitter/Revista Fórum

Os deputados Márcio Macêdo (PT-SE) e João Daniel (PT-SE) usaram a tribuna da Câmara na manhã desta quinta-feira (26) para manifestar indignação com a morte de Genivaldo de Jesus Santos, ocorrida no começo da tarde de ontem, após uma abordagem de policiais rodoviários federais, no município de Umbaúba, litoral de Sergipe. Ele foi imobilizado e depois colocado dentro do porta-malas da viatura da PRF. Nas imagens flagrada por moradores, é possível ver que o carro estava tomado por uma fumaça branca.

“Uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal a um cidadão trabalhador, vendedor de rifa, um homem do povo, um homem com descendência na negritude que foi abordado de forma violenta, agressiva e imprudente pela Polícia Rodoviária Federal, fora completamente dos protocolos que exige uma polícia civilizatória”, protestou Márcio Macêdo.

O deputado João Daniel citou a manifestação dos moradores de Umbaúba, que ocorreu nesta manhã, na cidade. “Aconteceu um ato de protesto contra uma cena vergonhosa que ocorreu ontem promovida pela Polícia Rodoviária Federal; uma cena que repercutiu no Brasil inteiro e que nos leva a debatermos qual é o verdadeiro papel da Polícia Rodoviária Federal. Ainda estamos querendo entender por que a tortura e morte de um trabalhar à frente de câmeras e da população”.

Uma câmara de gás”

Genivaldo tinha 38 anos de idade, era casado com Maria Fabiana dos Santos, de 35, deixou dois filhos, um com 7 anos e outro mais velho com 18 anos. Ele sofria de deficiência intelectual, tomava remédio controlado há anos. “Genivaldo foi abordado pela polícia — os vídeos demonstram ele dizendo que era portador de uma deficiência intelectual, mostrando os seus documentos e a sua receita — com chutes, pontapés, xingamentos, gás lacrimogênio e gás de pimenta. Depois, foi colocado na mala do carro da polícia e jogado gás lacrimogênio dentro. Foi formada uma câmara de gás que vitimou o jovem trabalhador na cidade de Umbaúba no meu estado”, relatou Márcio Macêdo, sem esconder a sua indignação com o ocorrido.

“Nós não podemos admitir mais esse tipo de ação no nosso País. Eu queria solicitar — e vou protocolar isso nos órgãos competentes — que seja feita uma investigação sobre esse episódio. Essa morte não pode ficar impune, a morte de um trabalhador que foi abordado de forma tão agressiva e tão violenta”, afirmou.

Márcio Macêdo disse ainda que foi com esse triste episódio que o Brasil acordou hoje, nos noticiários matinais, “vendo essa coisa absurda, muito semelhante ao que aconteceu nos Estados Unidos onde um homem negro foi morto asfixiado com o joelho sobre o seu pescoço. Então, hoje uma câmara de gás foi formada numa viatura de Estado e assassinou um trabalhador”. Ele reiterou a necessidade de pedir que o ocorrido seja apurado e que os responsáveis, “claro que respeitando a instituição – não estou falando que todos os policiais, eu respeito a instituição Polícia Rodoviária Federal – agora, abusar e agir fora da lei, contra os protocolos que mandam uma sociedade civilizatória nós não podemos aceitar”.

Punição exemplar

João Daniel também afirmou que tenho muito respeito pela Polícia Rodoviária Federal. “Espero que a Polícia Rodoviária Federal se comprometa a apurar e fazer com que haja uma punição exemplar pelo que ocorreu”. O deputado informou que protocolou um pedido à Comissão de Direitos Humanos, ao Ministério da Justiça, à Polícia Rodoviária Federal “na esperança de que realmente a PRF dê respostas pelo acontecido”.

Segundo João Daniel, a Câmara tem o papel fundamental de estar ao lado do povo trabalhador. “Em tempo, parabenizo todos os que lá estão se manifestando, se indignando para que este crime não fique impune”, completou.

Governo incentiva a violência

Na avaliação do deputado Márcio Macêdo, o episódio ocorrido em Umbaúba é um pouco do clima que é colocado no nosso País. “Nós temos um presidente da República que incentiva a violência, que incentiva as milícias a agirem contra o cidadão comum, que incentiva a abordagem violenta contra homens e mulheres nas periferias das grandes cidades e no interior do nosso País”, criticou.

Para Macêdo, esse é um clima que precisa ser combatido com o lastro da paz, “mas com a firmeza de que nós não aceitaremos violência, abuso de autoridade e descumprimento da legislação por parte dos órgãos de controle do Estado e da polícia que têm que proteger o cidadão”.

Márcio Macêdo e João Daniel defendem que seja feito um movimento de resistência para que isso não aconteça no Brasil e que os órgãos competentes e a Polícia Rodoviária Federal possam apurar e punir os que agiram fora da lei, que vitimaram o cidadão comum, uma pessoa de bem.

Chega de violência

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também se manifestou em plenário, sobre o caso, afirmando que a PRF é honrada, é uma polícia séria. “Mas assim como há maus parlamentares, há também por dentro das polícias maus policiais que agem por dentro das corporações, não honrando a farda e o juramento que fizeram”, lamentou. Para a deputada, é preciso investigar — quando o Brasil hoje amanhece com uma câmara de gás. “Nós apoiamos a Polícia Rodoviária Federal. O ocorrido, é um ponto, certamente, fora da curva”, avaliou, ao acrescentar que as polícias estaduais precisam ser pensadas por outra formação, pela valorização profissional, pela dignidade, pela proteção à vida, “porque nós não podemos ser o País que mais mata por ação do Estado e onde mais morrem os agentes do Estado”.

Na avaliação da deputada, Bolsonaro é um “irresponsável”, que, ao liberar armas, colocou armas nas mãos das milícias. “Ele próprio deve tomar uma decisão. Ele não pode ser a favor da polícia e a favor das milícias. Não dá para fazer nesse campo uma batida no cravo e outra na ferradura. Ao liberar as armas, ele liberou as armas que estão apontadas para os policiais sérios e as armas que estão sendo utilizadas, também, contra a população e contra os próprios policiais. Chega de chacinas! Chega de mortes! Este País precisa de paz!”, defendeu.

Vânia Rodrigues

 

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