“Lava Jato funciona a conta-gotas e tem agente público vestindo camisa do PSDB”, critica Florence

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O líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), afirmou nesta segunda-feira (22) que há agentes públicos “vestindo a camisa do PSDB” e que isso compromete a imagem das instituições de investigação e fiscalização do Estado. A avaliação foi feita durante entrevista coletiva na Câmara. “Nós queremos zelar pelas instituições, pela democracia. E a democracia é o império da Lei. Há distorção com foco no PT, nas contas da presidenta Dilma, e no ex-presidente Lula, e um diversionismo em relação a provas contundentes em relação ao PSDB. Hoje, temos a blindagem do PSDB e a condenação prévia do PT, sem provas”, declarou Florence.

O parlamentar defendeu a independência dos órgãos de controle, mas considera que há parcialidade e interesses políticos conduzindo o trabalho de alguns agentes públicos. “Certamente instituições de Estado devem investigar, mas que tem gente vestindo a camisa do PSDB, tem. Quando a pessoa passa em um concurso é para agir em defesa do Estado, mas alguns indivíduos estão agindo em nome de interesses políticos específicos, porque há acobertamento. O ataque ao presidente Lula é vil e é ilegal. Há tão somente uma busca de pistas malograda, pois não há nenhum indício em relação a participação do presidente Lula em qualquer ato ilegal. Já em relação a FHC, em relação ao Aécio, há três delações premiadas e não há investigação, na Lava Jato nenhum tucano é investigado”, argumentou o petista.

A Operação Lava Jato, segundo Florence, “de jato só tem o nome”, já que é conduzida “a conta-gotas, de acordo com o andamento da disputa política no Brasil”. O parlamentar estranhou a deflagração da nova etapa da operação justamente num momento em que toda a cobertura política tem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no centro de um escândalo. “Nesta semana o foco poderia ser uma parente de FHC, que disse que recebeu dinheiro de empresa no exterior, mas se produz um noticiário logo no início da semana que abafa isso”, disse.

O líder petista também fez referência à célebre Operação Mãos Limpas, na Itália, para criticar a Lava Jato. “Todo mundo sabe que na Operação Mãos Limpas houve uma relação dos investigadores com a imprensa e uma série de vazamentos. Mas parece que aqui se aprendeu as avessas. Se acoberta o PSDB, e se produz um ambiente de condenação prévia, sem nenhuma prova, ao PT”, citou.

Afonso Florence denunciou o “exagero” e a “ilegalidade” de alguns atos dos investigadores e lamentou a orientação midiática de suas ações, bem como a falta de parcimônia. “É obvio que há um exagero, que há ilegalidade. Nós vamos agora tornar regra que prisão provisória terá como referência a delação premiada a gente do PT? Porque quando a delação premiada é em relação ao PSDB não há investigação. É lamentável que pessoas que fizeram concurso público para representar o estado, brasileiro estejam incorrendo em erros tão crassos que comprometem as instituições. Do jeito que vai, a delação premiada está desmoralizada. Eventualmente alguém delata e depois fala que foi induzido a fazer a delação””, criticou o líder petista.

“Eles [promotores, delegados da Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro] estão fazendo um movimento que tem uma dimensão midiática que me parece que deveria ter parcimônia, que deveria ter um inquestionável compromisso com a condução imparcial de investigações. O Estado Democrático de Direito exige o rito, o devido processo legal. E isso está sendo rasgado a todo instante”, complementou Florence.

Para o deputado, “chega ser patética a atitude do promotor de São Paulo [Cássio Conserini]”, que “condena sem ouvir” o ex-presidente Lula. “Evidente que há um esforço desmedido e ilegal de agentes públicos para atingir o mandato da presidente Dilma e a imagem pública e a pessoa do ex-presidente Lula. Trata-se de uma sanha de recém-ingressos no poder público, por concurso, atacando pessoas que tem legitimidade do voto popular, sem prova, sem indício consistente”, disse o parlamentar.

Tapetão – Na avaliação de Florence, o plano da oposição é impedir a conclusão do mandato da presidente Dilma Rousseff e evitar a volta de Lula como candidato em 2018. “Isso é um plano B, C, Z daqueles que não conseguiram dar seguimento ao impeachment no Congresso. Eles estão com medo de perder a eleição em 2018 e querem ganhar no tapetão agora ou antecipar uma vitória no tapetão em 2018”, denunciou.

“Os defensores da democracia, independentemente da sua ideologia política, não devem aceitar que o voto popular que é que erige as instituições democráticas e determina os rumos do país seja submetido a artifícios ilegais, mesmo que com recursos articulados por agentes públicos”, acrescentou.

Em relação às denúncias contra o publicitário João Santana, o líder petista destacou que as contas da campanha da presidenta Dilma “foram aprovadas pelo TSE com todos os documentos arrolados” e cobrou o respeito ao amplo direito à defesa. “Antes dessa prisão que foi decretada o advogado do João Santana pediu acesso aos autos do processo e isso foi negado. Portanto, esses são fatos que devem preocupar todos que tem compromisso com a defesa da democracia, com o rito do devido processo legal”, afirmou o petista.

PT na Câmara

 

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