Homeschooling: uma proposta elitista contra a educação

Deputado Zé Carlos. Foto: Arquivo Câmara dos Deputados
  • Deputado Zé Carlos

 

Quase tudo, nesse governo Bolsonaro, tem que ser salvo de destruição ou de retrocessos, mesmo tratando-se de instituições públicas, de legislação, de políticas públicas ou de patrimônios nacionais que nos enchem de orgulho e que há décadas vêm beneficiando o povo brasileiro.

Basta ver, por exemplo, os ataques desferidos – durante esse governo – ao SUS, à educação básica pública, à universidade pública, à previdência social, aos Correios, à Petrobras, à Eletrobras, à Caixa Econômica, ao Banco do Brasil, às terras indígenas, aos direitos trabalhistas, aos biomas, à preservação da floresta amazônica e à preservação do pantanal.

Na última quarta-feira, mais um golpe foi desferido na educação brasileira. Foi aprovado, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei batizado de homeschooling, proposta que tira as crianças da escola para que sejam ensinadas em casa e que conta com o apoio e incentivo de Bolsonaro.

O atual ministro da Educação já é o quinto, desde que Bolsonaro assumiu o governo.  Cinco ministros da Educação, sem que nenhum deles tenha apresentado qualquer proposta ao menos razoável para melhorar a qualidade da educação no país.

Esforçaram-se esses ministros, no entanto, para justificar cortes no orçamento da pasta e proferir declarações bizarras. A administração do quarto ministro, inclusive, foi marcada por escândalos de corrupção. Descobriu-se, na administração desse quarto ministro, que dois pastores – ambos da base de apoio de Bolsonaro – operavam um esquema para facilitar a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, para prefeituras, em troca de propinas.

Agora, o governo desencava e pede para sua base aprovar esse projeto de educação em casa. Busca Bolsonaro, tão somente, agradar alguns de seus seguidores, uma vez que, de acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, cerca de 80% da população do país não aprova que as crianças sejam educadas em casa em vez de frequentarem a escola.

Da mesma forma que a grande maioria da população brasileira, também sou contrário a essa proposta de tirar as crianças da escola para ensiná-las em casa. Trata-se, em primeiro lugar, de uma proposta que não foi suficientemente discutida com a sociedade, com os pais, os professores e os próprios alunos.

Entendo, além disso, que as crianças, os adolescentes e os jovens precisam da escola para que recebam uma educação integral, uma educação que compreenda não apenas o ensino das disciplinas tradicionais mas também os naturais processos de socialização e convivência com outros de suas idades.

A proposta do “ensino em casa” é elitista e não traz nenhuma melhoria para a educação no país. Por isso, vou lutar, juntamente com os demais parlamentares de oposição, para que ela seja derrotada no Senado.

 

Zé Carlos é deputado federal (PT-MA)

Artigo publicado originalmente no Jornal Pequeno – Maranhão

 

 

 

 

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