Greve dos metalúrgicos de 68 mudou a história e serve de inspiração para resistir ao golpe atual

Em sessão solene nesta terça-feira (10), em comemoração aos 50 anos das greves de Osasco e Contagem de 1968, o deputado Valmir Lula Prascidelli (PT-SP), autor da iniciativa, afirmou que além da justa homenagem aos valorosos lutares do passado, o evento era uma fonte de inspiração para fortalecer a luta contra o golpe atual e contra a retirada de direitos dos trabalhadores brasileiros. “Essa sessão é também para nos lembrar que é preciso permanecer na luta pelo resgate da dignidade dos trabalhadores e do povo brasileiro e para derrotar o atual processo de desmonte do Estado Brasileiro”, afirmou.

Emocionado, Valmir Prascidelli relembrou que desde a sua juventude, no início dos anos 80, vivencia o chão de fábrica em Osasco. “Ali eu ouvia as histórias de luta e de resistência ao regime autoritário instalado no País em 64, período em que os trabalhadores perderam os seus direitos e mais de 500 sindicatos estavam sob intervenção”. Ele reforçou que as greves de Osasco e de Contagem são importantes porque foram as primeiras realizadas no período da ditatura e, a partir delas, o movimento sindical renasceu no País.

“1968 será um ano inesquecível porque foi um ano marcado pelas lutas e pela capacidade de transformar a história, combinando sonhos com atos de coragem e de construção”, recordou Prascidelli. Ele destacou que 50 anos se passaram e o mundo do trabalho já não é mais o mesmo, em decorrência dos avanços tecnológicos. E lamentou que, no entanto, as desigualdades ainda continuam. Citou ainda conquistas trabalhistas dos governos Lula e Dilma e criticou os retrocessos com o golpe de 2016.

Para a deputada Erika Lula Kokay (PT-DF), a greve dos metalúrgicos de Osasco e de Contagem é histórica na luta contra a ditadura. A luta da classe operária despertou os trabalhadores e uma parcela significativa do povo brasileiro, que logo em seguida participou da marcha dos 100 mil. “Homenagear e revisitar essas greves fortalece quem está vivenciando esse golpe atual que vai entrando na casa do trabalhador brasileiro, que arranca a comida da mesa da classe trabalhadora, que rasga as nossas carteiras de trabalho”.

Erika Kokay destaca que a greve de 68 foi por estabilidade, por reajuste salarial, e pelo direito à negociação sindical. “E por que lutamos hoje? Lutamos pelos direitos que a Reforma Trabalhista do governo golpista tirou, lutamos contra a entrega do nosso patrimônio nacional e contra o rompimento da soberania popular”. Indignada a deputada disse que os golpistas fraudaram a eleição de 2014, rasgando 54 milhões de votos. “E querem fraudar de novo agora, impedindo Lula de disputar as eleições. Mas, Lula disputará essas eleições. Estamos aqui para dizer que Osasco vive, que Contagem vive e que a luta concreta dos trabalhadores vai fazer com que o povo entenda que esse País só retornará à normalidade com Lula livre e com Lula presidente”.

A deputada Margarida Lula Salomão (PT-MG) destacou a importância do ano de 1968 para o Brasil e para o mundo, com lutas operárias na França, no Japão, no Brasil e com levante dos estudantes nas universidades da Europa e dos EUA. “Estávamos naquela ocasião, como agora, vivendo um golpe truculento e que investe contra os direitos do povo brasileiro. Por isso, essas greves são lições da luta. É com isso que contamos, com esperança e com resistência para fazer valer os direitos da população e para mais uma vez restaurar a democracia”.

O deputado Reginaldo Lula Lopes (PT-MG) também considerou a homenagem e o resgate das lutas dos trabalhadores importantes para o fortalecimento da resistência ao atual momento que o País vive. “Até parece que estamos vivendo 68 outra vez com esse novo golpe na democracia brasileira. Só que desta vez com o agravante da utilização de instrumentos do judiciário”, lamentou. Ele destacou ainda como consequência do golpe atual os 15 milhões de desempregados brasileiros e outros 15 milhões de pessoas no subemprego, além de a falta de perspectiva no mercado de trabalho para a juventude. “Relembrar 68 é nos fortalecer para a luta e resistência, para derrotar os que impedem Lula de ser de novo presidente e colocar o Brasil de novo no caminho do desenvolvimento”, completou.

Foto: Lula Marques

O deputado Vicentinho Lula (PT-SP) destacou a importância do movimento sindical brasileiro, que segundo ele, mantém ainda os mesmos princípios e ideologia de 68, em defesa dos direitos trabalhistas e de um País justo e solidário. Ele fez uma homenagem póstuma ao sindicalista José Ibrahim, que entrou para a história do movimento sindical após liderar em 1968, com apenas 21 anos de idade, a greve de 3 mil trabalhadores na metalúrgica Cobrasma, em Osasco. Ibrahim morreu em 2013.

Foto: Lula Marques

Histórico das greves – Em abril de 1968, em Contagem (MG) ocorreu a primeira grande greve no Brasil desde que os militares tomaram o poder quatro anos antes. Articulada pelo Sindicato dos Metalúrgicos e contra o arrocho salarial, cerca de 1,2 mil trabalhadores da siderúrgica Belgo-Mineira interromperam suas atividades por dez dias, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A greve de Contagem reacendeu o sindicalismo no País e em julho do mesmo ano, cerca de 3 mil trabalhadores da Cobrasma, metalúrgica em Osasco, na grande São Paulo também cruzaram os braços por melhorias salariais.

 

Vânia Rodrigues

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