Gabrielli : reservas enormes e baixo custo de produção despertam cobiça estrangeira no pré-sal

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O ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou na quarta-feira (20) que as reservas do pré-sal — uma das maiores do mundo — têm baixo custo de exploração e altíssima produtividade, o que desperta o interesse das petroleiras estrangeiras, sobretudo porque a partir de 2020 o Brasil terá papel estratégico no fornecimento de petróleo no mercado mundial, com o declínio da produção de países como os Estados Unidos. 

“O pré-sal é imbatível tanto no volume de recursos identificáveis quanto no baixo custo de exploração e consequente produtividade”, disse. A afirmação foi feita em palestra proferida no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, durante a qual abordou a geopolítica do petróleo e a importância da Petrobras e do Pré-Sal no mercado mundial de óleo e gás.

A Petrobrás é operadora única no pré-sal, mas o governo golpista Temer, por intermédio Projeto de Lei 4567/16, do senador licenciado e atual chanceler interino José Serra (PSDB-SP), quer mudar a lei e abrir para petroleiras estrangeiras a exploração na província mineral. O projeto retira da Petrobras o direito de ser a operadora única do pré-sal.

Altíssima produtividade – Para se ter uma ideia da produtividade do pré-sal, “falam alto” os números registrados nas planilhas apresentadas por Gabrielli: em terra e águas rasas, a Petrobras perfurou por 36 anos 5.748 poços para extrair 110 barris em cada um deles. Em águas profundas levou 23 anos para extrair 1600 barris em cada um dos 392 poços perfurados. No pré-sal, em 9 anos, já extrai 26 mil barris por dia em cada um dos 25 poços perfurados.

Os EUA, que hoje importam apenas 7% do petróleo que consomem, estimam para 2020 o declínio de sua produção, de acordo com dados da própria agência de energia daquele país. “O Brasil é estratégico pós 2020 por ter a produção disponível. Essa é a motivação estrutural do mercado para acelerar a exploração do pré-sal”, afirmou Gabrielli.

Ele acrescentou que uma produção em menor escala do óleo e gás daria fôlego à Petrobras para enfrentar o problema financeiro que está vivenciando e voltar a investir. “As importações de petróleo em valor muito acima do preço de venda no mercado brasileiro tiveram um impacto muito grande no caixa da Petrobras”.

O balanço da conjuntura internacional feita pelo ex-presidente da Petrobras mostra um aumento crescente da demanda por petróleo nos países da Ásia e mesmo nos EUA e da importância do Brasil nesse mercado. Gabrielli está convicto de que o País é quem mais vai contribuir adicionalmente com a oferta de óleo em 2017, com a produção de mais 300 mil barris. Já o preço do produto no mercado internacional deve subir de U$ 50 para U$ 60. Ele frisou, no entanto, que “o corte atual nos investimentos da empresa vai reduzir a sua produção futura”.

Lava-Jato – Na mesma palestra, Gabrielli denunciou que a Operação Lava-Jato provocou a destruição da engenharia brasileira com um ‘”cruel’’ desmonte da cadeia de fornecedores da estatal que ‘’antes disputavam em pé de igualdade o mercado internacional e hoje estão quebrados’’.

Economista e professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Gabrielli esteve à frente da estatal durante sete anos, de 2005 a 2011, período em que a empresa aumentou a sua produção de petróleo em 33% e os investimentos em 285%: subiram de R$ 18 bilhões para R$ 73 bilhões. Foi também na gestão de Gabrielli que a Petrobras buscou redefinir o seu papel na economia, tendo como estratégia se tornar uma gigante mundial de energia.

Segundo ele, a solução da crise vivida hoje pela Petrobras é política e, portanto, passa por uma decisão do responsável e controlador da empresa, o governo federal. No entanto, na avaliação do economista, a perspectiva futura da estatal é de desintegração, com o desmonte da cadeia de fornecedores, desemprego crescente, falências e paralisação dos investimentos. “A perspectiva futura da Petrobras é só o Pré-Sal, com a saída dos campos petrolíferos em terra, a venda de alguns campos da Bacia de Campos e da BR Distribuidora”.

Para Gabrielli, a estatal ainda tem fôlego o bastante para sair da crise financeira em que se encontra. Ele aponta que 55% da dívida da empresa vencem até 2021 e o restante depois dessa data, o que torna possível a Petrobras quitar com sobra os seus compromissos. Pelas contas do seu ex-presidente, a Petrobras precisa pagar nos próximos dois anos R$ 196,3 bilhões de juros e amortizações da dívida, mas as projeções de crescimento indicam que ela tem condições estruturais de faturar algo em torno de R$ 848 bilhões até 2021.

A exposição do ex-dirigente da estatal lotou o auditório da entidade, reunindo na mesa de debate o senador Lindbergh Farias (PT-RJ); o 1º vice-presidente do Clube de Engenharia, Sebastião Soares; o ex-presidente Raymundo de Oliveira; e o chefe da Divisão Técnica de Energia, Mariano Moreira.

Em sua intervenção, o senador Lindbergh Farias lembrou que nos primeiros 15 dias de agosto será votado o Projeto de Lei 4567/16, Depois de também criticar as mudanças que estão sendo discutidas nas leis trabalhistas, o senador desabafou: “Eles querem colocar o negociado na frente do legislado, acabando com o legado não só dos governos Lula, mas também de todos os anteriores, desde Getúlio Vargas”, afirmou.

Para ter acesso ao Power Point apresentado, clique aqui.

Equipe PT na Câmara com Clube de Engenharia

Foto: Divulgação

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