A deputada Erika Kokay (PT-DF), que integra a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, criticou nesta quinta-feira (28), o discurso da psicóloga com especialização em psicologia da sexualidade, Marisa Lobo, que propõe tratamento para a homossexualidade.
Segundo Erika, é um absurdo a psicóloga usar o argumento da egodistonia – quando há certeza da identidade sexual, mas quer ter outra – para defender a terapia de cura. “Não há como psicólogo fazer terapia de cura do que não é doença. A homossexualidade é a expressão da sexualidade e da afetividade, que sempre existiu e tem que ser respeitada como todas as outras. Essa psicóloga é um atentado, uma bomba ambulante”, disse petista.
A crítica foi feita em tom de desabafo, após audiência pública que discutiu o Projeto de Decreto Legislativo (PDC 234/11), do deputado João Campos (PSDB-GO), e que susta a aplicação de dois dispositivos da Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Um deles orienta os profissionais a não propor tratamento para curar os homossexuais.
Visivelmente abalada pelas manifestações contrárias à sua fala, Marisa Lobo afirmou ser contra qualquer tipo de violência a homossexuais e disse não ser homofóbica, como muitos a acusavam. “Eu não curo homossexuais e nem heteros e não vivo caçando pessoas para tratar. Eu trato o sofrimento psíquico de qualquer pessoa, seja ela quem for. Existem ex-gays e vocês ficam rindo, tirando sarro”, disse a psicóloga.
A audiência pública aconteceu na data em que se comemora o Dia do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) com direito a vários cartazes na audiência. “Querer ignorar a homofobia é perpetuar o preconceito” e “lutar contra a homofobia não é impor ditadura gay, é compromisso social e da psicologia”, diziam os cartazes.
A coordenadora Nacional de Promoção, Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho do Ministério Público do Trabalho, Andréa Lopes, também participou do debate. Segundo ela, todos os regramentos de conselhos profissionais devem obedecer ao princípio constitucional da igualdade. “Não há como dissociar o trabalhador da pessoa humana, mas é importante combater a desigualdade e a discriminação”, destacou Andréa.
Ivana Figueiredo