A Câmara dos Deputados promove nos próximos dias 4 e 5 de julho o Seminário Internacional sobre a Operação Condor. Promovido pela Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça e pela Comissão de Direitos Humanos, o encontro vai debater a ação conjunta de governos militares da América do Sul, que culminaram em violações aos direitos humanos no continente entre as décadas de 60 e 80. Além de parlamentares, especialistas e jornalistas brasileiros, também participarão do evento convidados da Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Estados Unidos.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), integrante da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, o evento será uma boa oportunidade para conhecer a forma como países sul-americanos vêm tratando o assunto. “Esse encontro será fundamental em relação a dois aspectos. Primeiro, para conhecermos a real dimensão das relações entre a ditadura militar brasileira, suas conexões internacionais e os crimes cometidos sob essa articulação. E também para aprendermos um pouco mais sobre a forma como os governos sul-americanos vêm tratando essa questão”, explicou.
Ainda de acordo com a parlamentar, a experiência de outros países na punição a crimes ocorridos durante a ditadura, pode ser benéfica para o Brasil. “O processo brasileiro de investigação dos crimes ocorridos durante a ditadura militar é mais lento. Por isso é importante saber como outros países atuam”, destacou Kokay. Segundo ela, essas experiências também poderão ajudar o país a encontrar meios “para punir os responsáveis pelas atrocidades cometidas no Brasil”.
Histórico– A Operação Condor, articulação das forças armadas dos países do Cone Sul, formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, com efetivo apoio dos Estados Unidos, resultou na mais duradoura ação de repressão política da história do continente. Estima-se entre as vítimas da ação repressiva de 13 a 50 mil pessoas mortas ou desaparecidas.
Convidados– Confirmaram participação no seminário o ex-militante contra a ditadura no Uruguai e atual deputado pelo partido Victoria del Pueblo (PVP), Luiz Puig Cardozo; o juiz federal argentino, Daniel Rafecas (autor de obras sobre a Operação Condor); e o médico e militante pelos direitos humanos no Paraguai, Alfredo Boccia Paz.
Também devem comparecer a professora e pesquisadora da universidade de Long Island (Nova York, EUA), J. Patrice McSherry (autora de livros sobre as ditaduras militares na América do Sul); a jornalista chilena Mónica González (fundadora e diretora da Fundação Centro de Investigación Periodística); e o ativista brasileiro pela defesa dos direitos humanos no Cone Sul, Jair Krischke.
Héber Carvalho