Crise dos fertilizantes pode provocar falta de alimentos para a população

Deputado Zeca Dirceu. Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

Com a suspensão da comercialização de fertilizantes de Belarus para o Brasil, após o bloqueio internacional imposto à Rússia, o Brasil vem sofrendo com uma grave crise de desabastecimento do produto para a produção nacional de alimentos. Mas a situação poderia ter sido evitada se as fábricas brasileiras de fertilizantes não tivessem sido fechadas pelo governo Bolsonaro.

O assunto foi destaque da transmissão ao vivo semanal do deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), nesta terça-feira (15). O parlamentar apontou, entre outros problemas, a má gestão de Jair Bolsonaro, que deixou de investir na produção brasileira para importar fertilizantes de outros países.

Em 2014, a Petrobras era a maior produtora de fertilizantes do País, com três Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) no Paraná, em Sergipe e na Bahia. De 2016 até o momento, o setor vem sendo desmontado, e o Brasil virou dependente de importações e do mercado internacional.

Para o deputado Zeca Dirceu a crise dos fertilizantes e suas possíveis consequências poderiam ter sido evitadas muito antes da pandemia ou da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “Estou muito convencido de que o Brasil poderia estar em uma situação totalmente diferente. Nós chegamos nessa situação por culpa de uma decisão política criminosa de Bolsonaro. Em fevereiro de 2020 não existia pandemia ou guerra e os problemas como o desmonte da Petrobras, o abandono do refino do petróleo e o desemprego já existiam. O possível desabastecimento alimentar, que se agravou por conta do conflito russo, só escancarou a dependência e a subordinação brasileira ao mercado internacional”, declarou Zeca Dirceu.

Soberania nacional

Já petroquímico e integrante da Federação Única dos Petroleiros Gerson Castellano afirma que desde 2016, após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e o País, o Brasil sofre com um grave desmonte de projetos e políticas de fortalecimento da soberania nacional, o que reflete e explica a crise atual. “O que estamos vivendo hoje é por falta de um projeto de soberania. O nitrogênio, material essencial para a agricultura, estava em nossas mãos. A única empresa que teve interesse em montar uma fábrica de fertilizantes no Brasil foi a Petrobras, e em 2010 existia um plano do governo Dilma, para o abastecimento e autonomia brasileira. O governo Bolsonaro escolheu fechar as fábricas, demitir pessoas e perder tecnologias. Soberania é algo que temos que ter projeto, e não largar na mão de irresponsáveis” sustentou Gerson Castellano.

Já na questão da produção de alimentos, quem mais perde é a agricultura familiar, que é responsável por cerca de 70% de tudo que é consumido pelos brasileiros. Com a inflação elevada e a queda de produção, o repasse dos preços não cobre os custos, o que encarece o preço e pode gerar uma crise de falta de alimentos no mercado.

Agricultura familiar

Segundo o coordenador da Fetraf-Paraná, Elizandro Krajczyc, o setor já vinha fragilizado com a pandemia e com o abandono de políticas estratégicas por parte do governo. “A agricultura familiar está abandonada. A questão dos fertilizantes, importantes insumos que garantem renda e produtividade, é um dos aspectos que tem atrapalhado e dificultado a vida dos agricultores familiares. A falta dos insumos gera uma grande elevação do preço, o que eleva o custo de produção. Outros fatores, como falta de uma estratégia e uma política clara de defesa de um projeto de soberania alimentar em nosso país, em que a agricultura familiar seja protagonista, para garantir a segurança e o alimento. O que ocorre hoje é uma política de destruição da agricultura familiar e promoção da fome” constatou Elizandro.

Preço dos combustíveis

Ainda durante a transmissão, Zeca Dirceu conversou com o diretor do Sindipetro-PR/SC e presidente da Anapetro, Mário Dal Zot, sobre a política de preços praticada pela Petrobras.

Para ele, o principal fator para o alto custo de vida atual é o valor dos combustíveis, que encarece o preço do transporte rodoviário, da compra de insumos, e de toda a cadeia de produção.

“A política de preços adotada pela Petrobras está errada. A vinculação da paridade de importação ao produto internacional eleva o preço. O governo pega o preço internacional, coloca a taxa de frete e mais um seguro de 5% em cima do petróleo, um petróleo que é produzido aqui. Ele não vem da Europa ou da Arábia, o petróleo é quase 100% produzido no Brasil e poderia ser 100%, pois as refinarias brasileiras têm capacidade para isso, o que falta é gestão e planejamento. Uma empresa que paga R$ 101 bilhões de dividendos para acionistas e não investe R$ 1 em refino, não pode reclamar que não tem condições de refinar todo o petróleo necessário para o povo brasileiro. E aí que está o grande erro: a falta de investimentos da diretoria da Petrobras”, concluiu Mário.

Desde 2016, o desmonte da Petrobras fez o Brasil perder cerca de R$ 172,2 bilhões em investimentos e deixou cerca de 4,4 milhões de pessoas desempregadas. Atualmente, os lucros da empresa estão concentrados nas mãos de acionistas privados e multinacionais do setor.

Fotos: Luiz Silveira/Agência CNJ

 

Assessoria de Comunicação deputado Zeca Dirceu

 

 

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