O líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, deputado Bohn Gass (PT-RS), usou a tribuna da Câmara nesta quinta-feira (21) para conclamar a população brasileira para que faça campanhas pela aprovação do relatório da CPI da Covid que foi lido ontem, no Senado, e pela punição dos culpados, conforme elencados no relatório. A votação do parecer do relator Renan Calheiros (MDB-AL) está prevista para a próxima terça-feira (26).
“Essa punição precisa acontecer. Nós não podemos silenciar as mortes no Brasil e achar normal ou anormal o que nós vivemos no País. Por isso, estou aqui na Câmara dos Deputados para dizer: povo brasileiro, vamos fazer uma mobilização pela aprovação desse relatório. Ele ainda está em debate, mas as responsabilizações precisam ser feitas”, defendeu Bohn Gass.
O líder petista avalia que esse é o momento em que fica evidenciada “a parte mais cruel do governo Bolsonaro”. “Esse genocídio — mais de 600 mil pessoas perderam a vida — poderia ter sido evitado”.
Bohn Gass citou que à época – quando se iniciou a investigações pela CPI -, o Brasil registrava 1.832 mortes por milhão de habitantes. Agora, frisou, quando foi lido o relatório, o País não estava mais em 1.800 – que já era um número extraordinário -, mas em 2.819 mortes por milhão de habitantes, em sétimo lugar.
“Além do descaso com o tema da pandemia e as mortes que nós tivemos, ficou muito evidenciado outro lado cruel desse governo, que é a corrupção planejada, inclusive, em cima da dor e do sofrimento, para comprar vacina e também as mentiras e as fake news”, lamentou.
O parlamentar também elencou os crimes que são atribuídos a Jair Bolsonaro: crime contra a humanidade, de extermínio, de perseguição, de atos desumanos, de prevaricação, de charlatanismo, de incitação ao crime, de epidemia com resultado de morte, de falsificação de documento, de uso irregular da verba pública, de infração de medida sanitária, de violação de direito social, de incompatibilidade com a honra, o decoro e a dignidade do cargo.
“Se somadas as penas máximas de todos esses crimes, cometidos, sim, pelo maior responsável por esse caos generalizado no Brasil, que é Jair Messias Bolsonaro, nós chegaremos à pena máxima de 78 anos de prisão”, previu o parlamentar.
Engavetador-geral
Já o deputado Jorge Solla (PT-BA) se mostrou cético em relação às instituições que poderão conduzir aquilo que o relatório da CPI revela e comprova. “Infelizmente a nossa democracia está muito disfuncional, e a Procuradoria-Geral da República — o Brasil já teve o “engavetador-geral” da República e me parece que esse é o “blindador-geral” da República — há muito não cumpre a sua função constitucional”, denunciou.
Solla explicou também que sem a PGR, “só o Parlamento poderia avançar nas investigações sobre as decisões criminosas, tomadas pelo presidente da República e sua equipe, em um misto de negacionismo, negocionismo e fascismo”.
O deputado reafirmou que não acredita que haverá consequências jurídicas do que a CPI apurou via PGR. Segundo ele, o que já foi investigado será encaminhado ao STF via OAB, “mas o que carece de aprofundamento na investigação ficará nas gavetas da Procuradoria”
Benildes Rodrigues