Câmara colocou interesse comercial acima do público em votações sobre a privatização dos Correios e volta às aulas

O vice-líder da Bancada do PT, deputado Zé Neto (BA), disse durante pronunciamento na Câmara que essa última terça-feira (20) foi um dia muito infeliz para o Parlamento brasileiro, com a aprovação da urgência do projeto do governo que permite a privatização dos Correios e do projeto que autoriza a volta às aulas presenciais no País em plena pandemia. De acordo com o parlamentar, nos dois casos o interesse comercial foi colocado acima do interesse público.

“E o que une a venda dos Correios com a abertura das escolas sem os cuidados adequados, sem o cumprimento dos protocolos exigidos pela OMS, sem o respeito à ciência e aos professores? O que une essas duas questões é a visão meramente mercantil, comercial, estreita, de um Congresso, que tem agora um momento dificílimo e que pode estar optando, neste instante do mundo, por ser um Congresso cúmplice deste governo que aí está, em vez de ser um Parlamento altivo, que deva defender o povo brasileiro, o Estado brasileiro, a nossa economia, as nossas ações sociais e sanitárias”, afirmou.

O parlamentar baiano ressaltou que não existem motivos para vender os Correios, empresa pública que tem lucro superior a R$ 1 bilhão, e que atende todo o País. “Agora, quem vai fazer o papel dos Correios nos pequenos centros, na periferia, nos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida, na zona rural?”, indagou Zé Neto.

Segundo o deputado, os 20 maiores países do mundo e mesmo países desenvolvidos reconhecem os serviços postais como estratégicos e os mantém sob controle do Estado. Como exemplo de países ricos que mantém seus correios sob controle do governo, Zé Neto apontou a França (que no Brasil é dona da JadLog- empresa de logística), e a Alemanha (dona da DHL), uma das maiores do mundo em serviços de entrega).

O vice-líder do PT lembrou também que no atual momento de crise econômica e sanitária mundial, o Brasil adota o caminho contrário de outros países desenvolvidos que estão fortalecendo a presença do Estado como indutor do desenvolvimento, a exemplo dos Estados Unidos, que anunciou recentemente investimento de mais de US$ 2 trilhões em infraestrutura com objetivo de reativar a economia. De acordo com Zé Neto, esse deveria ser o mesmo caminho que o Brasil deveria adotar.

“Os países liberais estão fortalecendo os seus Estados, porque nós estamos numa guerra. E quando se está numa guerra, nós temos que ter “orçamento de guerra”, nós temos que ter “orçamento pós-guerra”. Mas nós temos um orçamento que continua pagando aos bancos, que continua pagando mais de R$ 1 trilhão por ano de serviço de dívida. Enquanto isso, o nosso povo está morrendo. Lá se vão quase 400 mil brasileiros”, lamentou o parlamentar sobre as mortes no País decorrente da pandemia.

Além da tentativa de venda dos Correios, o parlamentar disse ainda que também “não dá para aceitar a venda da Petrobras, da Eletrobras”. “Nenhum país liberal faz isso”, observou Zé Neto ao lembrar que os Estados Unidos controlam a sua energia elétrica e o seu petróleo.

E como resultado desse tipo de política privatista, onde os interesses econômicos prevalecem sobre o interesse social, o deputado petista deu o exemplo do que ocorreu após a privatização da Liquigás, subsidiária da Petrobras responsável pela distribuição do gás de cozinha.

“E diziam, em 2019: “Daqui a seis meses vocês vão ver o preço do gás”. Estamos vendo, como estamos vendo também o preço da gasolina, do óleo diesel, do álcool”, protestou Zé Neto.

 

Héber Carvalho

 

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