O líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), afirmou nesta quarta-feira (9) que não é novidade que o presidente do PSDB e candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, senador Aécio Neves (MG), tenha sido citado em depoimento de delatores da operação Lava-Jato. “O senador Aécio Neves começa a colecionar um vultoso número de delações premiadas em relação a ele. Essa hipotética colaboração premiada do senador Delcídio do Amaral, que cita o tucano, é somente mais uma”, disse Florence, lembrando que Aécio já foi citado em outras quatro delações.
Afonso Florence defendeu que o senador seja investigado. “Aécio Neves não pode mais ser blindado, uma vez que as delações sobre ele parecem ser bastante robustas, e a nossa expectativa é a de que essas investigações aconteçam”.
Aécio na Lava-jato – Os primeiros a citarem o nome do senador Aécio foram o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretores de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Eles afirmaram que políticos do PSDB receberam recursos desviados de empresas estatais como a Petrobras e Furnas. Entre os beneficiados estariam o ex-presidente nacional do partido Sérgio Guerra e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
O lobista Fernando Moura já disse à Justiça que Aécio recebia um terço dos recursos desviados de Furnas. Outro a citar o nome do tucano derrotado nas urnas é o entregador de dinheiro de Youssef, Carlos Alexandre Souza Rocha, conhecido como Ceará. Ele afirmou que Aécio era um dos destinatários do dinheiro e disse também ter ouvido de um executivo da empreiteira UTC que Aécio era o “mais chato” na cobrança de propinas.
Delcídio – Afonso Florence é cauteloso em relação à possível delação do senador Delcídio do Amaral, afirmando que ela precisa ser homologada. E, se for homologada, tem que ser submetida aos testes das provas. Ele lembra que a presunção da inocência é um direito fundamental da democracia e que o ônus da prova cabe à acusação. “Uma hipotética delação premiada do senador Delcídio sobre o senador Aécio Neves é somente mais uma. Isso não significa também que ele é culpado e nem que todos os integrantes do PSDB são corruptos. Mas significa que a apuração precisa ser feita. É na investigação que ele terá a oportunidade para se defender”, argumentou o líder.
Impeachment –Afonso Florence falou também sobre o rito do Supremo Tribunal Federal para o pedido de impeachment da presidenta Dilma . “Queremos superar a política do quanto pior melhor da oposição que se diz a favor do impeachment, mas entra com os embargos declaratórios no STF para postergar o processo. Nós queremos votar e derrotar o impeachment porque não há qualquer sustentação para o impedimento da presidenta Dilma”, afirmou.
O líder do PT alertou, no entanto, que é fundamental que a Câmara siga o rito legal definido pela Suprema Corte. “O deputado Eduardo Cunha (presidente da Câmara) tinha feito uma interpretação que estava ao arrepio da lei, fez voto secreto e com indicação avulsa”, criticou.
Manifestações –Florence defendeu serenidade nas manifestações previstas para esse domingo (13) no País. “Nós não podemos jogar o País para uma rota da insensatez, não pode ter confronto nem no domingo nem outro dia. O confronto tem que ser apenas de palavras, de ideias”. Ele informou que a Frente Brasil Popular, que reúne partidos e movimentos sociais da esquerda, está chamando mobilização nacional para o dia 18 e para o dia 31 deste mês. “A palavra de ordem é serenidade, manifestações contra e a favor fazem parte da democracia”, destacou.
Vânia Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra
Mais fotos: www.flickr.com/photos/ptnacamara