A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, com agentes públicos e privados deverá ouvir o depoimento de nove pessoas na próxima semana. Os três primeiros, marcados para a terça-feira (26), às 10h15, serão sobre a venda da casa onde o contraventor foi preso em fevereiro deste ano. O imóvel, num condomínio de luxo em Goiânia, pertenceu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e foi vendido numa operação que ainda não foi explicada.
Serão ouvidos o ex-assessor de Perillo, Lúcio Fiúza Gouthier, que teria presenciado o pagamento do imóvel, em dinheiro vivo, conforme uma das denúncias; Écio Antônio Ribeiro, um dos sócios da empresa Mestra Administração e Participações, em nome da qual a casa foi registrada num cartório em Trindade (GO); e Alexandre Milhomen, arquiteto que trabalhou na reforma da residência.
Na quarta-feira (27), também às 10h15, serão ouvidas outras três pessoas ligadas ao governador de Goiás ou que alegam ter tido relação com ele. Um deles, Jayme Eduardo Rincón, ex-tesoureiro da campanha de Perillo ao governo do estado em 2010, é presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop) e foi citado em ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal. Segundo as investigações, foram depositados R$ 600 mil pelo grupo de Cachoeira na conta da empresa Rental Frota Ltda., que tem Jayme como um dos sócios, com 33% de participação. A Rental já confirmou o pagamento, mas diz que se refere à venda de 28 veículos usados. Da primeira vez que foi convocado, em 30 de maio, Jayme alegou problemas de saúde para não comparecer.
Fraudes – Outra depoente, Eliane Gonçalves Pinheiro, é ex-chefe de gabinete de Marconi Perillo e é acusada de repassar informações sobre operações policiais. Segundo a PF, ela avisou Geraldo Messias, prefeito de Águas Lindas (GO), que agentes fariam uma operação de busca na casa dele numa operação de combate a fraudes contra a Receita Federal em Goiás. Logo que as denúncias vieram à tona, ela pediu exoneração. Da primeira vez que foi convocada, Eliane conseguiu habeas corpus para ter o direito de permanecer em silêncio e também alegou problemas de saúde para não comparecer.
Já Luiz Carlos Bordoni, radialista, afirmou ter recebido dinheiro da Alberto & Pantoja Construções para prestar serviço à campanha de Marconi Perillo ao governo de Goiás em 2010. Segundo a Polícia Federal, a Alberto & Pantoja é uma empresa de fachada de Carlinhos Cachoeira para lavar dinheiro da empreiteira Delta.
Na quinta-feira (28), às 10h15, a CPI colhe depoimentos para buscar esclarecer fatos relacionados ao governo do Distrito Federal. Será ouvido Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. À CPI, Agnelo afirmou não ter conhecimento sobre qualquer proximidade de Monteiro com Cachoeira e defendeu seu ex-subordinado. Outro depoente é Marcello de Oliveira Lopes, também conhecido como Marcelão, é ex-assessor da Casa Militar do DF. Segundo a Polícia, estava envolvido na tentativa de conseguir a nomeação de um aliado de Cachoeira no Serviço de Limpeza Urbana (SLU) da capital. Segundo Agnelo relatou à CPI, logo depois que se tornaram públicas as denúncias, Marcelão foi afastado.
E, ainda, João Carlos Feitoza, ex-subsecretário de Esportes do Distrito Federal, também conhecido como Zunga, suspeito de receber dinheiro do grupo de Cachoeira .
Equipe PT na Câmara, com informações da Agência Senado