“O país, que tem avançado muito na área econômica e social nos últimos anos, não pode permitir que a violência na Amazônia, ligada aos crimes de pistolagem, grilagem de terras e extração ilegal de madeira, continue a ocorrer na Amazônia”, defendeu Dutra. O presidente da Comissão de Direitos Humanos também cobrou uma ação mais rigorosa das autoridades da União e do governo do Amazonas para barrar esses crimes que, segundo ele, “também têm ligação com a devastação ambiental na região”.
Em um depoimento emocionado, a líder camponesa da Associação Deus Proverá (AM), Nilcilene Lima, incluída no programa de proteção a testemunhas do governo federal, relatou a violência que sofreu por denunciar crimes na região. “Apanhei de grileiros e madeireiros, tive minha casa queimada, plantação destruída, e já vi vários companheiros serem assassinados por pistoleiros”, denunciou. A líder camponesa, que vive escondida, afirmou que no Amazonas “não há presença do poder público e quem manda na região são os madeireiros e os pistoleiros”.
Crime ambiental– Segundo Nilcilene Lima, a violência “é fruto da ganância de grupos econômicos que expulsam as populações ribeirinhas para lucrar com a derrubada da floresta”. Além da presença do governo na região, por meio de postos policiais, postos de saúde e escolas, a líder camponesa também reivindica a criação de uma reserva extrativista na localidade do Rio do Sono (AM) como forma de garantir a subsistência da população.
Para a representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT/AM), Marta Sponton, apenas criar uma reserva extrativista não resolve o problema. “Demarcar reservas não resolve tudo. O Estado também precisa garantir a segurança dos seringueiros e moradores dessas localidades, que estão sendo expulsos de suas terras”, afirmou.
De acordo com a representante da CPT, o atraso na criação dessas reservas estimula a ação de grileiros. “O governo de Roraima, por exemplo, é contra a criação (das reservas extrativistas). A demora na criação dessas reservas também contribui para que os grileiros tenham mais liberdade na ação de expulsar os moradores da área”, destacou Sponton.
Héber Carvalho