1º de Abril: Dia da Mentira é também o ‘Bolsonaro Day’

Arte: PT na Câmara

O Dia da Mentira, comemorado no Brasil e em vários outros países do mundo neste 1º de Abril, também pode ser celebrado como o Dia do presidente Jair Bolsonaro, ou Bolsonaro Day. Diferente da forma tradicional como é celebrado pelas pessoas, que contam mentiras em forma de pegadinhas ou piadas por pura diversão, Bolsonaro tem adotado a inverdade como instrumento para desinformar a população ou mesmo para manter sua base de apoio unida.

Apesar de costumeiramente citar o verso bíblico da epístola de João 8:32, que reproduz a famosa frase de Jesus Cristo, “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, com o objetivo de tentar dar credibilidade a várias de suas mentiras, na verdade o comportamento do “Capitão-Presidente” se parece com outro personagem da história.

As inverdades repetidas por Bolsonaro em várias ocasiões, em oposição à realidade dos fatos, guardam semelhança com o conceito atribuído ao ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels. O responsável por criar o mito do chefe infalível em torno da figura de Adolf Hitler dizia que “uma mentira repetida mil vezes, torna-se verdade”.

Leia abaixo algumas das célebres mentiras contadas por Bolsonaro:

Pandemia

Logo no início da pandemia no Brasil, em março de 2020, o presidente Jair Bolsonaro disse à imprensa que a Covid-19 era uma “gripezinha”, menosprezando a doença que já alarmava vários países do mundo. Sem apresentar provas, ele afirmou ainda que a precisão era de que a doença causaria menos mortes do que a H1N1, que segundo ele teria sido de 800 pessoas.

Meses depois, sem ter como esconder o avanço das contaminações e das mortes causadas pelo vírus, Bolsonaro começou a defender o chamado “tratamento precoce” para o combate à doença. O tratamento sem comprovação científica contava com o uso da cloroquina (medicamento indicado para tratar casos de malária) e a ivermectina (indicado para tratamento contra vermes).

Mesmo com a pandemia se alastrando pelo País, Bolsonaro também deu declarações à imprensa colocando em dúvida a eficácia do uso de máscaras e mesmo das vacinas, quando estas começaram a ser aplicadas no País. Bolsonaro disse também que não precisava tomar vacina porque já estaria imunizado, pelo fato de já ter contraído o vírus. Na época, as declarações foram fortemente criticadas por cientistas e especialistas da área da saúde.
O deputado federal e médico Jorge Solla (PT-BA) ressaltou que as mentiras citas por Bolsonaro durante o período da pandemia foram determinantes em parte dos mais de 660 mil óbitos registrados no País pela pandemia até o momento.

“Na pandemia, Bolsonaro apostou na desinformação. Através de suas palavras, ajudou a reduzir a proteção das pessoas que não sabiam identificar a verdade, atrasou o início da vacinação e incentivou o negacionismo. Grande parte dos óbitos que tivemos no Brasil durante toda essa pandemia podem ser atribuídos ao comportamento adotado por Bolsonaro e pelo seu governo”, disse o petista.

Deputado Jorge Solla. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Corrupção

Outra mentira repetida com insistência por Bolsonaro é a de que em seu governo, “não existe corrupção”. A afirmação é desmentida por uma série de fatos. Entre eles, a demissão do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, após o escândalo da tentativa de compra superfaturada da vacina Covaxin.

A frase de Bolsonaro também é desmentida pelo caso da descoberta do esquema de facilitação à exportação de madeira, extraída de forma ilegal, do Brasil para os Estados Unidos e Europa. O escândalo causou a saída de Ricardo Salles do comando do ministério do Meio Ambiente, acusado de estar envolvido no caso.

Mais recentemente, o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu demissão da pasta após a descoberta de um esquema de liberação de verbas do ministério mediante pagamento de propina. Nesse caso, dois pastores são acusados por prefeitos de pedirem de R$ 15 mil a R$ 40 mil, e até 1 kg em ouro, para liberar verbas do MEC, mesmo sem terem cargo algum no órgão. Em um áudio vazado para a imprensa o próprio Milton Ribeiro afirma que atendia prioritariamente os pastores a pedido do presidente Bolsonaro.

Já no Congresso Nacional, Bolsonaro é acusado de se beneficiar de um esquema bilionário de liberação de verbas para emendas em troca de apoio político. Sem identificação do deputado que indica a destinação da verba, o montante destinado ao chamado Orçamento Secreto em 2021 foi de R$ 16,8 bilhões. Denúncias veiculadas pela imprensa dão conta que parte das emendas foram gastas na compra de tratores superfaturados com preços até 259% acima dos valores de mercado.

Para o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), com Bolsonaro, a mentira virou um projeto de governo. “Aliás, o único projeto que ele implementa na sua presidência”, criticou o deputado. A maior delas, segundo Lopes, é que iria “acabar com a corrupção”. Para o líder petista, são tantos casos de corrupção que é até difícil de lembrar. Reginaldo Lopes lembra das rachadinhas do Fabrício Queiroz, dos irmãos Bolsonaros e seus funcionários fantasmas como a Wal do Açai. “Além disso, todos os ministros que saíram depois de denúncias, como Gustavo Bebianno, Osmar Terra, Marcelo Álvaro Antônio, Pazuello, Ricardo Salles e Milton Ribeiro”, enumera o líder do PT.

Líder Reginaldo Lopes. Foto: Gustavo Bezerra

Transposição do Rio São Francisco

O presidente Jair Bolsonaro também tem o hábito de mentir ao tentar se apropriar de obras que não são de iniciativa de seu governo. Em fevereiro deste ano, Bolsonaro viajou ao Nordeste para tentar capitalizar o apoio popular com a liberação das águas do São Francisco ao Cinturão das Águas do Ceará. O presidente chegou a dizer em uma live que seu governo era responsável por “27 intervenções” nas obras de Transposição do São Francisco, sem reconhecer que pegou a empreitada praticamente pronta.

O deputado José Guimarães (PT-CE) lembrou que a ideia original da Transposição do Rio São Francisco, com mais de 200 anos, só saiu do papel por conta da iniciativa do ex-presidente Lula.

“Lula e Dilma fizeram quase 90% de tudo! O atual presidente não sabe nem o que é a transposição, tampouco quem se beneficia com a chegada das águas no sertão seco, carente de chuvas. O DNA dessa obra é do Lula! Foi ele quem iniciou o projeto, pois ele sim, conhece de perto as necessidades do povo que passa sede”, afirmou.

O parlamentar lembrou ainda que o ex-presidente Lula visitará o Ceará no mês de abril para vistoriar a obra iniciada em seu governo.

“Lula vem ao Ceará em abril para desmentir toda essa baboseira que Bolsonaro vem propagando. Vai visitar a transposição do São Francisco no Cariri, uma obra nossa, que o presidente-capitão tenta, a todo custo, dizer que é dele”, explicou Guimarães.

Deputado José Guimarães. Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

Meio Ambiente

Em relação ao meio ambiente, Bolsonaro coleciona uma série de mentiras e desinformações. O presidente brasileiro já disse em várias ocasiões, por exemplo, que “a floresta é úmida, e por isso não pega fogo”.

A informação é desmentida por dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão subordinado ao governo federal. Estudos do instituto apontam que, só em 2021, ocorreram mais de 73 mil focos de incêndio na região Amazônica. No mês de junho, por exemplo, foram identificados 2.308 focos de calor, o maior registro de queimadas desde 2007.

Para o deputado federal e ambientalista Nilto Tatto (PT-SP), a mentira dita por Bolsonaro sobre a Amazônia tem como objetivo final beneficiar a atividade de setores que lucram alto com a destruição da floresta.

“Eu vejo o Bolsonaro na questão ambiental atuando no mesmo processo de fake news que ele sempre utilizou para se comunicar com os seus seguidores. Ao dizer que a floresta não pega fogo por que é úmida, ele tenta convencer uma parte da população que não é bem informada de que não há desmatamento na Amazônia enquanto na realidade ele desmonta toda a política de proteção ambiental do País para estimular setores que lucram com a destruição do meio ambiente, como o garimpo e extração ilegal de madeira”, acusou.

Deputado Nilto Tatto. Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

Levantamento do site de checagem Aos Fatos realizado há 15 dias apontava que Bolsonaro, até então com 1.170 dias no poder, havia dado 5.052 declarações falsas ou distorcidas.

PT na Câmara

 

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